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Copom corta taxa básica de juros de 5% para 4,5% ao ano, mas não se compromete com novo corte

Brasil deixa de figurar, pela primeira vez, entre os dez países com as maiores taxas de juros reais

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Foto do author Eduardo Rodrigues

BRASÍLIA - Mesmo com a inflação recente um pouco mais alta, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central voltou a cortar os juros no Brasil. A instituição reduziu nesta quarta, 11, a Selic, a taxa básica de juros, em 0,50 ponto porcentual, passando de 5% para 4,5% ao ano. Foi o quarto corte consecutivo e, com isso, a Selic atingiu um novo piso histórico. Em sua decisão, porém, o BC não se comprometeu com novos cortes no início de 2020. 

Com a Selic no menor patamar já visto, o Brasil deixou de aparecer, pela primeira vez, entre os dez países com as maiores taxas de juros reais (descontada a inflação) do mundo. Levantamento do site MoneYou e da Infinity Asset mostra que o juro real do Brasil, de 0,64%, é agora o 11º maior entre as 40 economias mais relevantes do planeta. No topo do ranking estão o México (3,23%), a Turquia (2,85%) e a Índia (2,54%). A Argentina, que vinha figurando no topo do ranking, caiu para a 37ª posição, com taxa real negativa de 1,95%, após os cortes de juros mais recentes, em meio à corrida eleitoral no país.

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A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) - formado pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, e pelos oito diretores da autarquia - era largamente esperada. De um total de 60 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, 59 esperavam por um corte de 0,50 ponto, para 4,50% ao ano. Apenas uma casa esperava por corte de 0,25 ponto porcentual, para 4,75% ao ano.

Em comunicado sobre a decisão, o BC afirmou que a atividade econômica, a partir do segundo trimestre deste ano, ganhou tração no Brasil. Ao mesmo tempo, pontuou que essa recuperação seguirá em ritmo gradual.

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O BC optou, no documento, por não tratar diretamente de eventos recentes que influenciam a inflação, como a alta dos preços das carnes e a apreciação do dólar ante o real. No entanto, a instituição elevou sua projeção de inflação para este ano.

Após as carnes impulsionarem o IPCA - o índice oficial de preços - de novembro, o BC subiu de 3,4% para 4,0% a projeção para a inflação em 2019. No caso de 2020, a expectativa passou de 3,6% para 3,5% e, em relação a 2021, foi de 3,5% para 3,4%.

Quando a inflação está alta ou indica que ficará acima da meta, o Copom eleva a Selic. Dessa forma, os juros cobrados pelos bancos tendem a subir, encarecendo o crédito e freando o consumo, assim, reduzindo o dinheiro em circulação na economia. Com isso, a inflação tende a cair.

Em um contexto de inflação um pouco mais elevada em 2019 e recuperação da atividade econômica, o Copom também decidiu ser cauteloso em relação aos seus próximos passos. Ao contrário do que ocorreu em decisões anteriores, o colegiado não se comprometeu com novos cortes de juros. Na prática, a redução de hoje pode ter sido a última do atual ciclo de baixa. “O Copom entende que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela na condução da política monetária”, registrou o BC no comunicado.

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Para economista-chefe da Daycoval Asset Management, Rafael Cardoso, o comunicado sugere que o BC manterá a Selic em 4,50% ao ano na reunião marcada para o início de fevereiro. Já o economista-chefe do banco Haitong, Flávio Serrano, afirma que o BC deixou a porta aberta para qualquer tipo de ação. “O Copom não quis se comprometer com nada [nem com um novo corte, nem com manutenção da Selic]”, afirmou Serrano. Por conta do comunicado e também da análise dos indicadores econômicos, Serrano ainda mantém sua projeção de corte de 0,25 ponto porcentual da taxa básica em fevereiro, para 4,25%./ COLABORARAM KARLA SPOTORNO e MATEUS FAGUNDES

O Copom, do Banco Central, se reúne a cada 45 dias para definir a Selic. Foto: André Dusek/Estadão

 

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