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Cosan compra a Comgás por R$ 3,4 bi

Empresa fechou acordo para ficar com a fatia de 60,1% da britânica BG na maior distribuidora de gás do País, que atua em São Paulo

Por Eduardo Magossi
Atualização:

A empresa de bioenergia Cosan fechou um acordo com a britânica BG para a compra de 60,1% da distribuidora de gás Comgás, que atua no Estado de São Paulo. Pelo memorando de entendimentos anunciado ontem, a Cosan pagará R$ 3,4 bilhões pela participação. Segundo uma fonte próxima à negociação, os recursos para a compra virão de um financiamento feito pelos bancos Itaú e Bradesco - cada um financiará 50% do negócio. O financiamento será em reais, com prazo de pagamento de oito anos. Não haverá emissão de ações para bancar a compra da concessionária de gás.A BG venderá, no negócio, a participação de 83,6% na controladora da Comgás, a Integral Investment. A expectativa é de que a operação seja fechada em cerca de três semanas.Para o contrato definitivo de venda ser assinado, é necessário que o outro sócio da BG na Comgás, a Shell, que possui os outros 16,4% da Integral, desista de seu direito de preferência para a compra das ações. Em função da proximidade existente entre Shell e Cosan, que já são sócias na produtora de açúcar e álcool Raízen, a expectativa é que o negócio seja fechado sem problemas. A fatia a ser adquirida pela Cosan dá direito ao equivalente a 72,7% das ações ordinárias e 14,1% das ações preferenciais da Comgás. Com a aquisição da Comgás, a Cosan quer se consolidar como um grupo de infraestrutura, principalmente na área de distribuição (downstream). Já atuante nos negócios de energia elétrica (cogeração com uso de biomassa de cana) e de combustíveis (gasolina, etanol e lubrificantes), a entrada na distribuição de gás natural é estratégica para completar o portfólio da empresa na área de energia.Com acesso à principal região consumidora do Brasil, 177 municípios das regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas, além da Baixada Santista e do Vale do Paraíba, a Comgás, maior empresa de distribuição de gás do País, possui, de acordo com analistas, possibilidade de geração de valor no médio e longo prazos.Além disso, a Comgás reforça a estratégia da Cosan em buscar ativos que possuam fluxo de caixa estável, de baixo risco, para balancear a volatilidade do setor de açúcar e álcool. Para diversificar suas operações, a Cosan entrou, nos últimos anos, nos setores de cogeração de energia elétrica, distribuição de combustíveis (Esso, Raízen), lubrificantes (Mobil, L&E), logística de açúcar (Rumo), desenvolvimento de terras (Radar) e varejo de açúcar (Cosan Alimentos). Além disso, negocia a compra de 5,67% das ações da ALL. A entrada da Cosan na Comgás pode garantir sinergia na expansão da rede de distribuição de combustíveis das duas empresas, embora a atuação conjunta esbarre em barreiras regulatórias. Eventualmente, as companhias podem realizar um esforço contínuo para ampliar o mercado de Gás Natural Veicular (GNV), com o estímulo para que mais postos da Raízen passem a oferecer o GNV. No entanto, a distribuidora não poderá favorecer a rede de sua controladora por meio de contratos em condições especiais, afirma o consultor de energia, Zevi Kann. Alívio. Para o BG, a venda da Comgás, além de representar R$ 3,4 bilhões (US$ 1,8 bilhão) em caixa, também trará alívio de mais US$ 1,1 bilhão referente a empréstimos líquidos da Comgás. No total, a transação levará à redução de US$ 2,9 bilhões na dívida líquida do grupo. / COLABORARAM DANIELA MILANESE, DE LONDRES, E LUCIANA COLLET

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