Dólar fica a R$ 5,57 após fala de presidente do Fed; Bolsa fecha sem variação

Sinalização de Jerome Powell de que os juros poderão permanecer perto de zero por algum tempo trouxe alívio para a moeda, mas cenário fiscal do País ainda preocupa

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Por Redação
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O dólar recuou perante o real nesta quinta-feira, 27, e fechou com queda de 0,66%, a R$ 5,5778, em meio à expectativa de manutenção de juros bastante baixos por mais tempo nos Estados Unidos, após a declaração do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, ainda que de olho no cenário fiscal do País. Já a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, fechou estável e sem variação, aos 100.623,64, após passar boa parte do pregão em queda ou com ganhos mínimos.

Hoje, Powell finalmente anunciou a aguardada mudança de estratégia do BC dos EUA, que passará a adotar uma inflação média - ou seja, irá tolerar taxas acima de 2% por algum tempo para compensar períodos, como o atual, em que os preços ficaram abaixo disso. Na prática, isso significa que os juros permanecerão baixos e perto de zero por ainda mais tempo, ainda mais com a revisão de queda para 31,7% do PIB americano para o segundo trimestre.

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Dólar Foto: Reuters

 

"Ontem foi um dia quente com a fala do Bolsonaro puxando o dólar para cima e hoje o dia localmente está morno em termos de notícias, abriu espaço para que o movimento do dólar por aqui ficasse em sintonia com o enfraquecimento da moeda no exterior", ressalta Bruno Musa, sócio da Acqua Investimentos.

No entanto, o recuo da sessão desta quinta-feira não mostra que as incertezas domésticas foram dissipadas, pelo contrário, seguem como pano de fundo. O mercado continua observando atento o Renda Brasil - e o possível aumento de gastos que a medida irá gerar. No mercado de câmbio brasileiro, o dólar à vista caía a R$ 5,5453, na mínima. Na comparação com emergentes, o dólar caía 0,82% ante o peso chileno e 0,66% ante o rublo. Na contramão, a divisa americana ganhava 1,03% frente ao peso mexicano.

Às 17h10, o índice DXY do dólar, que mede as variações da moeda americana frente a outras seis divisas relevantes, operava estável, aos 93.003 pontos. "Temos vivido de barulhos políticos e ficamos nesse vai e volta. Difícil ficar animado com o câmbio antes de tirar as incertezas com relação à saída do ministro Paulo Guedes, ao comprometimento do governo e do Congresso com a questão fiscal e as reformas necessárias para o país voltar a crescer. Por isso, vemos essa volatilidade diária que é bem diferente do resto do mundo", diz Valter Unterberger Filhogerente de portfólio da Galapagos Capital.

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Bolsa

Ao fim do dia, o principal índice da B3 ficou no zero a zero, cedendo apenas 3,69 pontos ante o fechamento da última quarta-feira, 26. À tarde, contudo, o Ibovespaprincipal índice do mercado de ações brasileiro, chegou a se alinhar ao dia positivo em Nova York, sustentado pelo pronunciamento do presidente do Federal Reserve. Na máxima hoje, a B3 foi hoje aos 101.547,82 pontos, com abertura a 100.624,98. Com os resultados de hoje, a B3 cede 0,88% na semana, 2,22% no mês e perde 12,99% no ano.

A proximidade do fim de agosto e a expectativa para o anúncio, amanhã, da contraproposta de Guedes ao presidente Jair Bolsonaro sobre o formato e valor do Renda Brasil justificam a cautela dos investidores na B3, apontam analistas. "O momento também envolve alinhamento entre Bolsonaro, Guedes e Senado sobre as reformas que precisam ser feitas. Enquanto isso não estiver evidente, a Bolsa estará como neste mês de agosto: de lado, em passo de caranguejo", diz Rodrigo Franchini, sócio e diretor de produtos na Monte Bravo Investimentos.

Nesta quinta, destaque para a alta de 4,27% da Gol, de 3,61% da Azul, de 2,64% do BTG e de 2,09% do Bradesco. No lado oposto, Yduqs cedeu 7,48%, seguida por BR Distribuidora, com 3,27%. As ações de commodities também tiveram desempenho negativo, com queda de 1,55% da Vale e baixa de 0,32% e 0,48% para Petrobrás Pn e On - resultado que vem em sintonia com os preços do petróleo no mercado futuro: hoje, WTI para outubro fechou em queda de 0,81%, a US$ 43,04 o barril e o Brent para o mesmo mês caiu 1,21%, a US$ 45,09 o barril.

Bolsas do exterior

Em sintonia com a sinalização positiva do Fed, as Bolsas de Nova York fecharam a maioria em alta, com o S&P 500 tendo resultado positivo pelo quinto pregão seguido. O  Dow Jones terminou em alta de 0,57% e o S&P 500 subiu 0,17%, mas o Nasdaq perdeu 0,34%. Por lá, as ações do gigante varejista  Walmart saltaram 4,55%, repercutindo a informação de que a varejista se juntou à Microsoft, com ganho de 2,46%, nas negociações pela compra do TikTok.

No velho continente, a espera pelo discurso foi grande, mas como ele só aconteceu quando as bolsas europeias estavam fechadas, quedas generalizadas foram registradas na região, onde o Stoxx 600 encerrou com baixa de  0,64%. A Bolsa de Londres caiu 0,75%, Paris recuou 0,64% e Frankfurt caiu 0,71%. Já Milão, Madri e Lisboa tiveram perdas de 1,44%, 0,45% e 0,44% cada.

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O dia também foi de perdas na Ásia - com exceção da China, após o lucro das empresas do setor industrial dar um salto anual de 19,6% em julho. Por lá, os chineses Xangai Composto Shenzhen Composto subiram 0,61% e 1,04% cada. Já o sul-coreano Kospi caiu 1,05%, o japonês Nikkei recuou 0,35%, o Hang Seng cedeu 0,83% em Hong Kong e o Taiex registrou perda de 0,28% em TaiwanNa Oceania, a Bolsa australiana teve modesta alta e avançou 0,16%./SIMONE CAVALCANTI, LUÍS EDUARDO LEAL E MAIARA SANTIAGO

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