O advogado Paulo Roberto Fernandes Filho, de 34 anos, que mora em Araraquara (SP), costuma ir às compras em leilões. Neste mês, ele adquiriu um Volkswagen Up modelo 15/16 com 16 mil quilômetros por R$ 23 mil. No mercado, esse carro custa R$ 33 mil, e um zero-quilômetro sai por R$ 40 mil.
“Já comprei carros em leilões outras vezes. Aproveito a oportunidade, sai bem mais em conta”, diz o advogado. Ele conta que, quando sobram algumas economias, procura barganhas em leilões. Além do carro, ele arrematou um lote com seis máquinas lava jato por cerca de R$ 600. “Uma máquina só já é o preço de um lote com seis”, observa. As máquinas serão usadas pelo pai, que tem uma mecânica.
Fernandes Filho notou que, nos últimos tempos, tem aumentado o volume de produtos oferecidos em leilões. Ele acredita que isso é reflexo da crise: muitos consumidores não estão conseguindo pagar os bens financiados, os itens são retomados pelas empresas e acabam indo para leilão.
“O número de pessoas que buscam carros para uso próprio aumentou, não só investidores. Eles aparecem em busca de descontos, que podem chegar a 30% em alguns casos”, diz Moacir De Santi, leiloeiro da Sodré Santoro. Apesar de ser um bom negócio, a recomendação para quem busca um veículo leiloado é comparar preços com os valores cobrados por carros similares, novos e usados, e avaliar o produto antes de fazer lances pela internet.
Os veículos retomados por falta de pagamento são os mais cobiçados nos leilões, diz De Santi. “Geralmente, são carros e caminhões mais novos, com menos quilometragem e bem cuidados. O antigo dono não teve condições de pagar as prestações, mas o veículo costuma estar em bom estado.” A taxa de inadimplência na modalidade CDC, em que o bem é colocado como garantia da dívida, foi de 4,7% para pessoas físicas em outubro.