Incertezas voltam a pesar e cautela dá o tom no exterior

As incertezas econômicas no exterior voltam a pesar sobre o comportamento dos investidores e a cautela dá o tom dos negócios na manhã desta quarta-feira. Além da permanente atenção com a crise de dívida soberana na Europa e a possibilidade de alta dos juros na China, os questionamentos sobre o plano de corte de impostos nos Estados Unidos apagam o ânimo inicial trazido pelo anúncio das medidas.

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Por Redação

A agenda internacional é fraca hoje, sem a previsão de indicadores ou eventos capazes de impor direção definitiva às praças financeiras. Operadores comentam que a liquidez vai se tornando mais escassa com a proximidade do final do ano. A onda de frio que abate a Europa dá a impressão que o Natal chegou antes da hora.

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Uma tarefa importante do governo da Irlanda já está cumprida: o parlamento aprovou ontem à noite, ainda que com maioria estreita, os primeiros itens da proposta do orçamento que cortará 6 bilhões de euros em gastos em 2011. É algo necessário para obter o socorro de 85 bilhões de euros do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia.

No entanto, o trabalho ainda não está totalmente pronto, pois será preciso passar outras propostas que ficaram de fora da votação de ontem. Serão avaliadas separadamente as partes sobre o bem-estar social, que deve ser apresentada antes do Natal, e a do setor financeiro. A expectativa é a de que tudo esteja pronto até meados de fevereiro, quando serão chamadas eleições gerais.

As autoridades europeias descartam a ampliação do fundo de socorro aos países em dificuldades e avaliam que Portugal e Espanha não precisarão recorrer ao mecanismo. Não é essa a avaliação dos analistas nem dos mercados. Até o diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, pediu ontem que a Europa encontre urgentemente uma solução abrangente e rápida para a crise de dívida soberana da região.

Se a austeridade fiscal virou palavra de ordem na Europa, os Estados Unidos seguem rota completamente diferente. As preocupações com o crescimento do déficit fiscal começam a atrapalhar o ânimo inicial com o acordo fechado entre o presidente Barack Obama e a oposição, que prorroga por dois anos as reduções de impostos adotadas durante o mandato de George W. Bush. A proposta também inclui a redução de dois pontos porcentuais na alíquota do Imposto sobre Seguridade Social pago pelos empregadores do país.

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A primeira reação foi de rali nas bolsas e busca pelo dólar. A proposta estimulará o crescimento econômico dos EUA - o BNP Paribas calcula que o acordo elevará o PIB de 2011 em 0,3 ponto porcentual, com crescimento de 2,6% no ano. Entretanto, já surgem cálculos sobre o custo do projeto, estimado em US$ 1 trilhão em dois anos pelo banco francês, o que elevaria o déficit de 2012 para 9,8% do PIB.

"Ampliar os cortes de impostos e permitir que o déficit permaneça extremamente elevado pode ser um golpe de mestre econômico ao estimular o crescimento ou pode nos deixar perto da ruína fiscal. Eventualmente, pode ser os dois", escreve aos clientes Jim Reid, estrategista-chefe do Deutsche Bank.

Para a Moody´s, o rating soberano dos EUA fica estável por enquanto, mas poderá ser negativamente afetado se o governo não conseguir controlar sua crescente dívida.

Às 9h09 (de Brasília), a moeda comum europeia subia para US$ 1,3240, de US$ 1,3263 no fim do dia de ontem em Nova York. Na comparação com a divisa japonesa, o dólar atingia 83,88 ienes, de 83,49 ienes na véspera.

No mesmo horário (acima), o petróleo recuava 0,36%, para US$ 88,38 o barril no pregão eletrônico da Nymex.

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As bolsas de Londres (-0,09%), Paris (+0,20%) e Frankfurt (-0,20%) tinham sinais opostos.

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