Silveira diz que Petrobras tem ‘completa independência’ para decidir sobre preços

As falas do ministro, em Davos, ocorrem no contexto em que a estatal está há meses sem reajustar preços, apesar de a disparada do dólar ter ampliado a defasagem em relação ao mercado internacional

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Foto do author Aline Bronzati
Atualização:

DAVOS - Ao chegar a Davos, na Suíça, para participar do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), o ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, disse a jornalistas que a Petrobras tem completa independência para decidir sobre os preços.

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“A Petrobras tem na sua diretoria executiva completa independência para decidir aquilo que é melhor para a saúde econômica financeira da empresa”, afirmou.

As falas do ministro ocorrem em um contexto em que a estatal está há meses sem reajustar os preços nas refinarias, apesar da disparada do dólar no final de 2024, que ampliou a defasagem entre os preços dos combustíveis da Petrobras em relação às cotações internacionais dos derivados de petróleo, calculada pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).

De acordo com as declarações de Silveira em Davos, o conselho de administração da Petrobras é utilizado para as decisões estratégicas de investimento e, aí, sim, o governo tem todo o direito de “direcionar” iniciativas na companhia.

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“Mas a questão de preço é decidida na diretoria, não passa pelo Conselho e, com certeza absoluta, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, é extremamente responsável, sabe o que precisa fazer, sabe que a Petrobras precisa ser atrativa com os investidores”, afirmou Silveira.

Alexandre Silveira afirmou recentemente que decisão do Ibama sobre a Margem Equatorial deve sair em 2025 Foto: Wilton Junior/Estadão

Ele reconheceu ainda a necessidade de a Petrobras também ser atrativa para os investidores externos, já que é listada na Bolsa de Nova York (Nyse). Acrescentou, contudo, que a empresa também precisa cumprir a sua função social.

Para o ministro, a nova presidente da Petrobras tem atuado com “muita maestria” no cargo, servindo à companhia, aos acionistas, mas também ao interesse nacional.

Margem equatorial

Silveira ainda afirmou que está “otimista” e que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) deve aprovar os estudos da Petrobras para eventual exploração da Margem Equatorial, área que fica a cerca de 500 km da foz do rio Amazonas. Em recente entrevista, ele já havia dito que esperava uma decisão para este ano.

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“Eu estou otimista. O Brasil é o berço da pluralidade energética. E todos os países, inclusive os que não têm essa pluralidade, mas são mais focados na produção de petróleo, como os do Oriente Médio, fazem a transição energética”, afirmou.

Na sua opinião, o Ibama estava esperando os últimos elementos que a Petrobras entregou há pouco mais de 30 dias para decidir sobre a Margem Equatorial. “Eu quero acreditar que o presidente e a equipe do Ibama vão agora, atendidos todos os requisitos que foram notificados à Petrobras, dar a autorização para se fazer a pesquisa na Margem Equatorial tão necessária ao desenvolvimento nacional”, afirmou.

Segundo ele, a transição da matriz energética global vai permitir que o mundo alcance a sustentabilidade. No entanto, esse processo tem de respeitar as economias e a soberania de cada país, disse. “Não é possível a gente virar a chave da Arábia Saudita, do Kuwait, e dizer, não, você não vai produzir mais uma gota de petróleo, até porque a demanda é global”, afirmou.

Conforme o ministro, enquanto houver demanda, há necessidade de produção de petróleo, em especial, em países em desenvolvimento e que não podem abrir mão dessa riqueza. Mas isso é completamente compatível com a transição energética, na sua visão. “O Brasil dá todos os gestos de que está cada dia mais avançando na transição energética e exportando sustentabilidade”, afirmou.

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