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Após cinco anos, Brasil sobe no ranking de competitividade

Luta contra a corrupção e reformas permitiram primeira subida de ao menos uma posição do Brasil no ranking feito pelo Fórum Econômico Mundial desde 2012

Por Jamil Chade

GENEBRA – O combate à corrupção e os primeiros sinais de reformas permitem que o Brasil freie sua queda no ranking de competitividade, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial com 137 economias. Em 2017, o Brasil subiu um degrau na classificação, depois de um tombo sem precedentes. O País é agora o 80º colocado e ainda tem uma das piores estruturas tributárias do mundo, uma classe política vista como corrupta e um estado ineficiente. 

Hoje, apesar da melhora marginal, o Brasil é ainda a economia dos Brics menos competitiva. Foto: Wilton Júnior/Estadão

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Ainda assim, essa é a primeira vez desde 2012 que o Brasil sobe na classificação elaborada pela entidade que organiza os encontros de Davos. Há cinco anos, o País chegou a ocupar a 48ª posição no ranking. Mas desde então vem perdendo espaço no cenário internacional e passou a registrar um dos maiores tombos na história do informe. 

O relatório “constata uma evolução no aspecto institucional brasileiro, sobretudo com o combate à corrupção e liberdade do poder judiciário”. “Os primeiros passos rumo às reformas e simplificações regulatórias são também parte dos avanços que permitem ao Brasil oferecer um ecossistema mais propício à inovação”, constata.

Para o Fórum, o Brasil “encerra assim uma longa tendência de queda e dá sinais de recuperação econômica e competitiva”. “O País avança comparativamente a outros em pontos chaves para retomada do crescimento e desenvolvimento”, insiste.

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Hoje, apesar da melhora marginal, o Brasil é ainda a economia dos Brics menos competitiva. Na América Latina, é apenas o nono colocado e até o Peru e Colômbia são mais competitivos. O País é hoje menos competitivo que o Irã, Romênia ou Albânia.

Um dos maiores freios ao desempenho da economia nacional é a situação das instituições. Ainda assim, a entidade indica que o Brasil começa a mostrar melhorias e, com o combate à corrupção, o país conseguiu avançar onze posições na classificação sobre a situação das instituições. Hoje, por esse critério, o Brasil é o 109º colocado no ranking.

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“Depois de ser abalado por escândalos de corrupção e instabilidade política, o pilar que mede as instituições conseguiu recuperar onze posições, mostrando os efeitos das investigações conduzindo a mais transparência e uma percepção de processos exitosos para combater a corrupção dentro dos limites institucionais da Constituição do Brasil”, disse. De um lado positivo, o país aparece na 59ª posição com relação à independência do Judiciário, 20 postos acima do que estava há um ano. 

Destaca-se também a força das normas de auditoria, com ganho de 14 posições. Isso “evidencia os ganhos de credibilidade das instituições brasileiras durante o processo de renovação, luta por maior transparência e combate à corrupção”. “A percepção é de que isso começa a ser tratado”, afirma Daniel Gomez, um dos autores do informe. 

Economia. O País ainda avança timidamente no ambiente macroeconômico. No ranking deste ano, o Brasil está na 124ª posição, uma das piores do mundo e apenas dois degraus superiores a 2016. O fim da recessão e a volta de uma tímida taxa de crescimento teriam ajudado. “Depois de dois anos de queda no crescimento do PIB e de uma piora nas condições macroeconômicas, o Brasil este ano apresenta uma pequena melhoria, trazendo inflação o deficit governamental sob controle”, indicou.

Ainda assim, o avanço é ainda insuficiente. “Lamentavelmente, pouco progresso foi feito no ambiente macroeconômico do Brasil”, alertou. Para o Fórum, tal situação coloca a economia nacional como “uma das menos competitivas no mundo”. 

“A queda da inflação para abaixo da meta do governo, 8,7% em 2016, resultou na subida de sete posições, apesar de ainda ocupar a posição 119ª no mundo quando o tema é inflação”, indicou. Também é ainda preocupante é o equilíbrio do orçamento público, com o Brasil na 125ª posição. “A economia brasileira vive um misto de estagnação e recuperação em diferentes pilares da competitividade”, constatou.

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No que se refere ao impacto da carga tributária, o Brasil está na 134ª posição entre 137 economias avaliadas. O impacto dos impostos nos investimentos é o segundo pior do mundo.

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Na eficiência do mercado, o Brasil ocupa ainda modesta 122ª posição. Mas o ranking mostrou um avanço de seis posições graças à eficácia da política anti-monopólio. Um elemento que poderia ajudar a alavancar a competitividade seria ainda privatizações e licitações, reduzindo “custos por parte do governo, desafogando da máquina pública e incentivo para a entrada de novos atores na oferta de atividades e funções até então exclusivas do estado”. 

Trabalhista. Além do combate a corrupção, outro fator que começa a pesar positivamente é a eficiência do mercado de trabalho, que subiu 3 posições por conta da reforma trabalhista. Mas o caminho é ainda longo. Dos 137 países avaliados, o Brasil é apenas o 114º colocado. Pesa ainda carga tributária como um fator negativo para o mercado de trabalho. O Brasil, nesse critério, aparece na última posição. 

A flexibilização trabalhista é considerada pelo Fórum como uma “oportunidade” para que o Brasil ganhe competitividade.“A aprovação da reforma trabalhista marca uma nova era no regime regulatório brasileiro, com o potencial de levar ao desafogamento da justiça do trabalho e simplificação das relações trabalhistas”, disse. “Com a ampliação das possibilidades de negociação e a flexibilizações de questões como jornada e tempo de trabalho, espera-se que a produtividade deva aumentar, assim como os salários no médio prazo”, avalia.

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Na avaliação de Davos, o mundo caminhou para um mercado de trabalho mais flexível, o que permitiu as economias mais competitivas a permanecer em suas posições de destaque. “Esses países protegem o trabalhador. Não o emprego”, disse. 

Inovação. No ranking geral, a posição geral do Brasil só não é pior por conta da atuação do setor privado e da sofisticação empresarial. Por esse critério, o País aparece na 56ª posição no mundo. 

Um salto ainda foi registrado no capítulo sobre inovação, com maior colaboração entre a indústria e as universidades, maior qualidade de pesquisa, cientistas e engenheiros com melhor treinamento. Medindo a questão da inovação, o Brasil ganhou quinze colocações no ranking, atingindo o 85º lugar. 

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Mas a qualidade do ensino de matemática ainda é um dos seis piores do mundo. No geral, a qualidade do ensino coloca o Brasil na 125ª posição entre 137 países avaliados. Houve ainda um decréscimo significativo na taxa de inscrição de alunos do ensino médio e superior.

Mundo. De acordo com o ranking, a economia mais competitiva do mundo é a da Suíça, pelo nono ano consecutivo. Os EUA vem na segunda posição, seguido por Singapura. A China é a mais bem colocada no ranking entre os BRICS, subindo para a 27ª colocação. 

Segundo o informe, dez anos após a maior crise financeira da história do capitalismo, o mundo começa a dar sinais de recuperação em 2017. Mas o Fórum considera que ainda existe um vácuo de líderes internacionais. “Após 10 anos da crise financeira global, as perspectivas para uma recuperação econômica sustentável mantêm-se em risco devido à falha generalizada de líderes e políticos de colocar em prática reformas necessárias para sustentar a competitividade e provocar os necessários aumentos em produtividade”, disse.

Outra preocupação se refere à nova onda de pressões por desregularizar uma vez mais o setor financeiro, além de vulnerabilidades identificadas nas economias emergentes.

“Nos países em desenvolvimento, há uma alta taxa de inadimplência privada, assim como forte alavancagem financeira e produtiva”, completa. 

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