O Itamaraty, a Polícia Federal e a Prefeitura de São Paulo, responsáveis pela organização 11a Assembléia da Unctad (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento), em São Paulo, estão deixando a imprensa e o staff de algumas delegações estarrecidas pela confusão e desorganização no Palácio de Convenções do Anhembi. O acesso de jornalistas a alguns setores onde estão sendo realizadas reuniões bilaterais é praticamente impossível. A desculpa é que o "setor não foi ainda aberto" ou que "o acesso à imprensa não está autorizado". Mas ninguém sabe comunicar quem é que autoriza ou quem é que pode informar melhor. Para piorar, o Espaço Brasil, onde alguns ministros brasileiros manterão encontros com representantes de países membros da Unctad, foi erguido no pavilhão principal de Exposições do Anhembi a uma distância tal do Salão de Plenárias que deixou o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, exausto de tanto andar. Furlan precisou caminhar pelo menos 1 quilômetro tal o número de voltas para chegar a esse espaço brasileiro onde manteria uma reunião ao meio-dia. Mas o problema não está só nas distâncias, mas também nos centros de controle e de inspeção, cuja estratégia faz os profissionais da imprensa, por exemplo, ter de se identificar e esvaziar os bolsos repetidas vezes para entrar num mesmo local. E, em alguns casos, precisa ainda solicitar uma nova credencial (de papelão) para poder participar de algum encontro aberto, embora a identificação geral se encontre devidamente pendurada no pescoço. Já o acesso a banheiros é praticamente proibitivo. Os organizadores improvisaram algumas cabines em alguns pontos do Anhembi, mas sem identificar onde estão localizadas. Reclamação das delegações A pior reclamação vem de algumas delegações de países. Um alto funcionário da Embaixada de uma nação européia, que pediu para não ser identificado e muito menos mencionar o nome do país, informou que a desorganização não de concentra apenas no Anhembi, mas também nos hotéis onde as delegações estão hospedadas. Um funcionário do governo desse país teve, hoje (segunda-feira) cedo, sérias dificuldades para fazer seu check out (saída) no hotel onde estava hospedado porque a CVC, empresa contratada pelo Itamaraty para a emissão de passagens e reserva de hotéis, não havia pago o valor da hospedagem da delegação desse país, mesmo tendo recebido antecipadamente os respectivos valores pelas diárias. A diplomata européia, que também corria em busca de um banheiro nos extensos corredores do Anhembi, se mostrou indignada com o ocorrido e com a desorganização do evento.