Devemos ter alta temporada muito movimentada e a preços altos, diz secretário de Aviação

Dólar e combustíveis altos, retomada econômica e avanço da vacinação integram pacote de fatores que pesam nas tarifas

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Por Amanda Pupo
3 min de leitura

BRASÍLIA - Uma série de fatores contribui para o preço das passagens aéreas registrar uma das maiores altas acumuladas nos últimos 12 meses. O patamar elevado do dólar e do petróleo, a oferta de assentos ainda em retomada, o avanço da vacinação e a pressão maior no mercado aéreo doméstico, além da tendência de recomposição de margem pelas companhias, explicam esse cenário. A avaliação é do secretário Nacional de Aviação Civil do Ministério da Infraestrutura, Ronei Glanzmann.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Glanzmann afirmou que o brasileiro deve enfrentar uma alta temporada muito movimentada e com preços altos. Apesar de o ministério preferir trabalhar com os dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e não com os do IBGE - que faz seus cálculos a partir de 'cesta' específica de destinos - o secretário reconhece que a medição do IPCA sinaliza para bilhetes mais caros.

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"Acredito que os números da Anac vão sinalizar no mesmo sentido. Quem está comprando passagem está percebendo isso. Então, de fato, há uma tendência de aumento de preço", afirmou.

Como os países ainda estão em processo de reabertura de fronteiras, o brasileiro ainda não se sente totalmente confortável em planejar uma viagem para o exterior. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Glanzman avalia que a normalização dos preços deve ocorrer ao longo de 2022, a partir do momento em que as malhas das companhias voltarem ao nível pré-pandêmico. Isso pode mudar de figura, no entanto, a depender das variáveis macroeconômicas, como câmbio e petróleo. O dólar e o combustível altos são um dos primeiros fatores a explicar o cenário de alta dos bilhetes aéreos. Como o querosene de aviação é responsável por uma parte considerável dos custos das companhias, o item acaba pesando nas passagens.

Outro fator é a tendência de recomposição de margem das empresas aéreas, disse o secretário. Com a vacinação avançada e a expectativa de que o retorno do mercado aéreo não seja um voo de galinha, as companhias devem aproveitar para tentar recompor parte dos prejuízos que tiveram na pandemia, quando o número de voos chegou a cair mais de 90%. "Como elas vêm de um longo e tenebroso inverno, então, de fato, tem uma tendência de recomposição de margem", afirmou Glanzman, lembrando que a ferramenta para controlar essa margem é a oferta de voos.

O secretário pontua que a retomada do número de assentos em níveis pré-pandêmicos não acontecerá da noite para o dia. As empresas precisaram fazer demissões durante a crise sanitária, além de paralisarem uma parcela da frota. O processo de novas contratações e de recolocação de aviões não acontece num "estalar de dedos", disse o secretário.

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Outro efeito ainda é o da substituição do turismo internacional pelo doméstico. Como os países ainda estão em processo de reabertura de fronteiras, o brasileiro ainda não se sente totalmente confortável em planejar uma viagem para o exterior. Com isso, os destinos turísticos internos ficam mais visados. Ao fim, é mais um efeito que pressiona o valor das passagens aéreas.

Para enfrentar essa fase, o secretário recomenda que as pessoas busquem passagens com antecedência e evitem datas críticas. Outra dica é monitorar o preço da passagem aos fins de semana, momento em que o setor corporativo normalmente não está comprando voos.

Segundo Glanzman, a agenda do ministério para aumentar a competição no setor e, com isso, reduzir o valor dos bilhetes, volta com "muita força", com a tentativa de atração de novas empresas. Uma boa sinalização, disse o secretário, é a expectativa de a Agência Nacional do Petróleo (ANP) regulamentar em breve o combustível JET-A, abrindo caminho para as aéreas usarem um querosene de aviação um pouco mais barato no Brasil.

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