O dólar fechou em alta ante o real nesta sexta-feira, acompanhando um movimento global de valorização, após ter caído durante boa parte da manhã. A moeda norte-americana subiu 0,77 por cento, a 1,958 real para venda, depois de chegar a cair 1,65 por cento pela manhã. "Hoje é dia de realização (de lucro) e volatilidade. O dólar está subindo em relação às (principais) moedas, principalmente ao euro, e o movimento de lá reflete aqui", considerou Licínio Silva Neto, diretor da Hencorp Commcor Corretora. No final da tarde, o dólar subia 1,5 por cento ante uma cesta com a principais divisas, sendo o maior ganho em relação ao euro. O aumento da aversão ao risco era refletido nas bolsas de valores norte-americanos, que operavam sem tendência definida no momento em que os negócios no mercado de câmbio doméstico se encerraram. Dados contraditórios do setor trabalhista dos Estados Unidos estimulavam cautela entre os investidores. Números divulgados pelo governo revelaram que os empregadores cortaram menos postos de trabalho que o esperado em maio, mas a taxa de desemprego saltou para 9,4 por cento, maior nível desde julho de 1983. Silva Neto afirmou que os investidores estão embolsando lucros por enxergarem uma grande valorização nas bolsas de valores e moedas emergentes, como o real, num curto período de tempo. "Esperávamos isso para outubro ou novembro, mas já ocorreu em maio", ressaltou o diretor, acrescentando que há preocupações sobre a consistência do movimento. Ainda no final da manhã, o Banco Central realizou mais um leilão de compra de dólares no mercado à vista, sem mexer consideravelmente nas cotações. Desde 8 de maio, o BC tem feito esse tipo de operação em todas as sessões regulares. Para Mario Paiva, analista de câmbio da Corretora Liquidez, apesar da alta desta sessão, a tendência de baixa do dólar deve se sustentar, principalmente com a continuação dos ingressos de recursos. "A alta de hoje foi pontual", resumiu. Na BMF Bovespa, de acordo com os números mais recentes, o volume de dólar negociado no segmento à vista girava em torno de 1,4 bilhão de dólares. (Reportagem de Silvia Rosa e José de Castro)