O receio de uma atuação mais incisiva do governo no mercado de câmbio levou o dólar à primeira alta em quase duas semanas ante o real nesta quarta-feira. A divisa norte-americana avançou 0,65 por cento, a 1,693 real na venda, na primeira valorização em oito sessões. "O nível de 1,70 (real) já foi defendido pelo Banco Central em outros momentos, e o dólar abaixo desse patamar atrai comprador, sim", disse Jorge Knauer, diretor de tesouraria do banco Prosper. Na véspera, o BC voltou a fazer dois leilões diários de compra de dólares no mercado à vista, após quase um mês com apenas uma atuação diária no segmento. Nesta sessão, a autoridade monetária voltou a fazer duas operações de compra, definindo como corte as taxas de 1,6835 real e 1,6950 real, respectivamente. Para os analistas Siobhan Morden e Flavia Cattan-Naslausky, da RBS Securities, o mercado de câmbio doméstico deve ficar atento a eventuais novas medidas do governo para conter uma nova rodada de valorização do real. Os profissionais acreditam que a cotação deve oscilar numa faixa limitada mais à frente. "O dólar deve variar no curto prazo entre 1,653 e 1,7357 real, com a possibilidade de baixa contida por ameaças de intervenção e de alta pela atratividade do real como uma das moedas mais fortes da América Latina", escreveram em relatório. Knauer, do banco Prosper, citou ainda que a alta na cotação pode ter sido influenciada por alguma zeragem de posição na Bovespa, que por sua vez exigiu uma maior demanda por dólares. Enquanto o mercado de câmbio encerrava as operações, o Ibovespa recuava 1,3 por cento. A sessão contou com dados de fluxo cambial relativos a novembro e início de dezembro. De acordo com o BC, o país recebeu em ingressos líquidos 2,225 bilhões de dólares no mês passado, com saldo positivo de 502 milhões no setor comercial e de 1,722 bilhão de dólares no segmento financeiro. O BC informou ainda que a saída de dólares superou a entrada em 1,241 bilhão de dólares nos três primeiros dias deste mês, sob o peso quase total das operações comerciais, que ficaram 1,242 bilhão de dólares no vermelho .