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Economistas e banqueiros assinam carta pedindo efetividade no combate à covid-19

Manifesto será enviado aos líderes dos três poderes; entre os signatários estão Pedro Malan, Maílson da Nóbrega, Rubens Ricupero, Arminio Fraga, Ilan Goldfajn, José Olympio Pereira e Pedro Moreira Salles

Foto do author Cristiane Barbieri

Durante a semana, uma carta por medidas efetivas de combate à pandemia começou a circular em grupos de economistas pelo WhatsApp. O arquivo online, que tinha mais de 200 assinaturas na manhã de domingo, superou 500 nomes no fim do dia, e, no final da noite, os organizadores decidiram bloquear o acesso a novas adesões depois que a lista (até então aberta) passou a ser atacada e houve suspeita de inclusão de nomes forjados.

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Além de ex-ministros da Fazenda, ex-presidentes do Banco Central e acadêmicos respeitados, a lista passou a incluir banqueiros e empresários. O manifesto será enviado nesta semana ao presidente Jair Bolsonaro, ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, e aos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

A carta explicita que, para os seus apoiadores, não existe a dicotomia entre abrir a economia ou priorizar a saúde: sem vacinação rápida e outras medidas de combate efetivo à pandemia, não haverá recuperação econômica – empresas fecharão e ainda mais empregos serão eliminados. Uma das medidas sugeridas é que seja estudado o lockdown, cuja adoção foi efetiva em diferentes países. 

Entre os signatários, estão os ex-ministros da Fazenda Pedro Malan, Marcílio Marques Moreira, Maílson da Nóbrega e Ruben Ricupero; e os ex-presidentes do BC Armínio Fraga, Gustavo Loyola, Persio Arida, Ilan Goldfajn e Affonso Celso Pastore. Também aparecem os banqueiros Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles (co-presidentes do conselho do Itaú Unibanco) e o presidente do Credit Suisse no País, José Olympio Pereira. 

Empresários como Pedro Passos, da Natura, e Horacio Lafer Piva, da Klabin, também aderiram ao texto, bem como nomes do mundo financeiro como Fersen Lambranho, da GP Investments, e Luís Stuhlberger, da Verde Asset.

Economistas pedem medidas de apoio a pequena e médias empresas e reforma no sistema de proteção social Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Ao classificar a situação social como “desoladora”, eles alertam para a perspectiva de agravamento das condições econômicas do País. Dizem que a piora não se dá por ausência de recursos, mas pela falta de prioridade à vacinação. Pedem e detalham alternativas em quatro pontos: aceleração do ritmo de vacinação; incentivo ao uso e distribuição de máscaras; implementação de medidas de distanciamento social locais, com coordenação nacional; e criação de mecanismo de coordenação do combate à pandemia em âmbito nacional.

“Esta recessão, assim como suas consequências sociais nefastas, foi causada pela pandemia e não será superada enquanto a pandemia não for controlada por uma atuação competente do governo federal. Este subutiliza ou utiliza mal os recursos de que dispõe, inclusive por ignorar ou negligenciar a evidência científica nas ações para lidar com a pandemia”, diz trecho da carta, intitulada “O País exige respeito; a vida necessita da ciência e do bom governo”. 

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Ontem, durante participação em uma live com empresários, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender a vacinação em massa. Segundo ele, a imunização é “a melhor política fiscal” e de maior impacto (mais informações nesta página). Lockdown. Sobre a adoção do lockdown, os economistas citam a experiência de outros países, como o Reino Unido, que adotaram a medida com o agravamento da pandemia. 

“A necessidade de adotar um lockdown nacional ou regional deveria ser avaliado. É urgente que os diferentes níveis de governo estejam preparados para implementar um lockdown emergencial, definindo critérios para a sua adoção em termos de escopo, abrangência das atividades cobertas, cronograma de implementação e duração”, argumentam.

Entre outros alertas, ele dizem que, com 40% da força de trabalho do País ganhando a vida de maneira informal e sem qualquer proteção contra o desemprego, é preciso agir. Uma das sugestões é a reforma no sistema de proteção social que proveria seguro aos informais. Uma proposta nesse sentido, patrocinada pelo Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP), foi encaminhada ao Congresso no fim do ano passado. 

Outra medida diz respeito ao apoio a pequenas e médias empresas. “O aumento em 34,7% do endividamento dos pequenos negócios na pandemia amplifica essa necessidade”, escrevem. Eles também falam da importância da retomada de linhas de crédito entre a segunda onda e o pós-crise. Todos os itens são acompanhados de indicações bibliográficas na carta.

“Estamos no limiar de uma fase explosiva da pandemia e é fundamental que a partir de agora as políticas públicas sejam alicerçadas em dados, informações confiáveis e evidência científica. Não há mais tempo para perder em debates estéreis e notícias falsas”, escrevem.

Leia a carta na íntegra:

O País Exige Respeito; a Vida Necessita da Ciência e do Bom Governo

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Carta Aberta à Sociedade Referente a Medidas de Combate à Pandemia

O Brasil é hoje o epicentro mundial da Covid-191, com a maior média móvel de novos casos.

Enquanto caminhamos para atingir a marca tétrica de 3 mil mortes por dia e um total de mortes acumuladas de 300 mil ainda esse mês, o quadro fica ainda mais alarmante com o esgotamento dos recursos de saúde na grande maioria de estados, com insuficiente número de leitos de UTI, respiradores e profissionais de saúde. Essa situação tem levado a mortes de pacientes na espera pelo atendimento, contribuindo para uma maior letalidade da doença.

A situação econômica e social é desoladora. O PIB encolheu 4,1% em 2020 e provavelmente observaremos uma contração no nível de atividade no primeiro trimestre deste ano². A taxa de desemprego, por volta de 14%, é a mais elevada da série histórica, e subestima o aumento do desemprego, pois a pandemia fez com que muitos trabalhadores deixassem de procurar emprego, levando a uma queda da força de trabalho entre fevereiro e dezembro de 5,5 milhões de pessoas.

A contração da economia afetou desproporcionalmente trabalhadores mais pobres e vulneráveis, com uma queda de 10,5% no número de trabalhadores informais empregados, aproximadamente duas vezes a queda proporcional no número de trabalhadores formais empregados³.

Esta recessão, assim como suas consequências sociais nefastas, foi causada pela pandemia e não será superada enquanto a pandemia não for controlada por uma atuação competente do governo federal. Este subutiliza ou utiliza mal os recursos de que dispõe, inclusive por ignorar ou negligenciar a evidência científica no desenho das ações para lidar com a pandemia. Sabemos que a saída definitiva da crise requer a vacinação em massa da população. Infelizmente, estamos atrasados. Em torno de 5% da população recebeu ao menos uma dose de vacina, o que nos coloca na 45ª posição no ranking mundial de doses aplicadas por habitante.

O ritmo de vacinação no país é insuficiente para vacinar os grupos prioritários do Plano Nacional de Imunização (PNI) no 1º semestre de 2021, o que amplia o horizonte de vacinação para toda a população para meados de 2022.

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As consequências são inomináveis. No momento, o Brasil passa por escassez de doses de vacina, com recorrentes atrasos no calendário de entregas e revisões para baixo na previsão de disponibilidade de doses a cada mês. Na semana iniciada em 8 de março foram aplicadas, em média, apenas 177 mil doses por dia.

No ritmo atual, levaríamos mais de 3 anos para vacinar toda a população. O surgimento de novas cepas no país (em especial a P.1) comprovadamente mais transmissíveis e potencialmente mais agressivas, torna a vacinação ainda mais urgente. A disseminação em larga escala do vírus, além de magnificar o número de doentes e mortos, aumenta a probabilidade de surgirem novas variantes com potencial de diminuir a eficácia das vacinas atuais.

Vacinas são relativamente baratas face ao custo que a pandemia impõe à sociedade. Os recursos federais para compra de vacinas somam R$ 22 bilhões, uma pequena fração dos R$ 327 bilhões desembolsados nos programas de auxílio emergencial e manutenção do emprego no ano de 2020.

Vacinas têm um benefício privado e social elevado, e um custo total comparativamente baixo. Poderíamos estar em melhor situação, o Brasil tem infraestrutura para isso. Em 1992, conseguimos vacinar 48 milhões de crianças contra o sarampo em apenas um mês.

Na campanha contra a Covid-19, se estivéssemos vacinando tão rápido quanto a Turquia, teríamos alcançado uma proporção da população duas vezes maior, e se tanto quanto o Chile, dez vezes maior. A falta de vacinas é o principal gargalo. Impressiona a negligência com as aquisições, dado que, desde o início da pandemia, foram desembolsados R$ 528,3 bilhões em medidas de combate à pandemia, incluindo os custos adicionais de saúde e gastos para mitigação da deteriorada situação econômica. A redução do nível da atividade nos custou uma perda de arrecadação tributária apenas no âmbito federal de 6,9%, aproximadamente R$ 58 bilhões, e o atraso na vacinação irá custar em termos de produto ou renda não gerada nada menos do que estimados R$ 131,4 bilhões em 2021, supondo uma recuperação retardatária em 2 trimestres.

Nesta perspectiva, a relação benefício custo da vacina é da ordem de seis vezes para cada real gasto na sua aquisição e aplicação. A insuficiente oferta de vacinas no país não se deve ao seu elevado custo, nem à falta de recursos orçamentários, mas à falta de prioridade atribuída à vacinação.

O quadro atual ainda poderá deteriorar-se muito se não houver esforços efetivos de coordenação nacional no apoio a governadores e prefeitos para limitação de mobilidade. Enquanto se busca encurtar os tempos e aumentar o número de doses de vacina disponíveis, é urgente o reforço de medidas de distanciamento social.

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Da mesma forma é essencial a introdução de incentivos e políticas públicas para uso de máscaras mais eficientes, em linha com os esforços observados na União Europeia e nos Estados Unidos.

A controvérsia em torno dos impactos econômicos do distanciamento social reflete o falso dilema entre salvar vidas e garantir o sustento da população vulnerável. Na realidade, dados preliminares de óbitos e desempenho econômico sugerem que os países com pior desempenho econômico tiveram mais óbitos de Covid-19. A experiência mostrou que mesmo países que optaram inicialmente por evitar o lockdown terminaram por adotá-lo, em formas variadas, diante do agravamento da pandemia - é o caso do Reino Unido, por exemplo. Estudos mostraram que diante da aceleração de novos casos, a população responde ficando mais avessa ao risco sanitário, aumentando o isolamento voluntário e levando à queda no consumo das famílias mesmo antes ou sem que medidas restritivas formais sejam adotadas.15 A recuperação econômica, por sua vez, é lenta e depende da retomada de confiança e maior previsibilidade da situação de saúde no país.

Logo, não é razoável esperar a recuperação da atividade econômica em uma epidemia descontrolada.

O efeito devastador da pandemia sobre a economia tornou evidente a precariedade do nosso sistema de proteção social. Em particular, os trabalhadores informais, que constituem mais de 40% da força de trabalho, não têm proteção contra o desemprego. No ano passado, o auxílio emergencial foi fundamental para assistir esses trabalhadores mais vulneráveis que perderam seus empregos, e levou a uma redução da pobreza, evidenciando a necessidade de melhoria do nosso sistema de proteção social. Enquanto a pandemia perdurar, medidas que apoiem os mais vulneráveis, como o auxílio emergencial, se fazem necessárias. Em paralelo, não devemos adiar mais o encaminhamento de uma reforma no sistema de proteção social, visando aprimorar a atual rede de assistência social e prover seguro aos informais. Uma proposta nesses moldes é o programa de Responsabilidade Social, patrocinado pelo Centro de Debate de Políticas Públicas, encaminhado para o Congresso no final do ano passado.

Outras medidas de apoio às pequenas e médias empresas também se fazem necessárias. A experiência internacional com programas de aval público para financiamento privado voltado para pequenos empreendedores durante um choque negativo foi bem-sucedida na manutenção de emprego, gerando um benefício líquido positivo à sociedade.

O aumento em 34,7% do endividamento dos pequenos negócios durante a pandemia amplifica essa necessidade. A retomada de linhas avalizadas pelo Fundo Garantidor para Investimentos e Fundo de Garantia de Operações é uma medida importante de transição entre a segunda onda e o pós-crise.

Estamos no limiar de uma fase explosiva da pandemia e é fundamental que a partir de agora as políticas públicas sejam alicerçadas em dados, informações confiáveis e evidência científica. Não há mais tempo para perder em debates estéreis e notícias falsas. Precisamos nos guiar pelas experiências bem-sucedidas, por ações de baixo custo e alto impacto, por iniciativas que possam reverter de fato a situação sem precedentes que o país vive.

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Medidas indispensáveis de combate à pandemia: a vacinação em massa é condição sine qua non para a recuperação econômica e redução dos óbitos.

1. Acelerar o ritmo da vacinação.

O maior gargalo para aumentar o ritmo da vacinação é a escassez de vacinas disponíveis. Deve-se, portanto, aumentar a oferta de vacinas de forma urgente. A estratégia de depender da capacidade de produção local limitou a disponibilidade de doses ante a alternativa de pré-contratar doses prontas, como fizeram o Chile e outros países. Perdeu-se um tempo precioso e a assinatura de novos contratos agora não garante oferta de vacinas em prazo curto. É imperativo negociar com todos os laboratórios que dispõem de vacinas já aprovadas por agências de vigilância internacionais relevantes e buscar antecipação de entrega do maior número possível de doses. Tendo em vista a escassez de oferta no mercado internacional, é fundamental usar a política externa - desidratada de ideologia ou alinhamentos automáticos - para apoiar a obtenção de vacinas, seja nos grandes países produtores seja nos países que têm ou terão excedentes em breve.

A vacinação é uma corrida contra o surgimento de novas variantes que podem escapar da imunidade de infecções passadas e de vacinas antigas. As novas variantes surgidas no Brasil tornam o controle da pandemia mais desafiador, dada a maior transmissibilidade.

Com o descontrole da pandemia é questão de tempo até emergirem novas variantes. O Brasil precisa ampliar suas capacidades de sequenciamento genômico em tempo real, de compartilhar dados com a comunidade internacional e de testar a eficácia das vacinas contra outras variantes com máxima agilidade. Falhas e atrasos nesse processo podem colocar em risco toda a população brasileira, e também de outros países.

2. Incentivar o uso de máscaras tanto com distribuição gratuita quanto com orientação educativa.

Economistas estimaram que se os Estados Unidos tivessem adotado regras de uso de máscaras no início da pandemia poderiam ter reduzido de forma expressiva o número de óbitos. Mesmo se um usuário de máscara for infectado pelo vírus, a máscara pode reduzir a gravidade dos sintomas, pois reduz a carga viral inicial que o usuário é exposto. Países da União Europeia e os Estados Unidos passaram a recomendar o uso de máscaras mais eficientes - máscaras cirúrgicas e padrão PFF2/N95 - como resposta às novas variantes. O Brasil poderia fazer o mesmo, distribuindo máscaras melhores à população de baixa renda, explicando a importância do seu uso na prevenção da transmissão da Covid.

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Máscaras com filtragem adequada têm preços a partir de R$ 3 a unidade. A distribuição gratuita direcionada para pessoas sem condições de comprá-las, acompanhada de instrução correta de reuso, teria um baixo custo frente aos benefícios de contenção da Covid-1923. Considerando o público do auxílio emergencial, de 68 milhões de pessoas, por exemplo, e cinco reusos da máscara, tal como recomenda o Center for Disease Control do EUA, chegaríamos a um custo mensal de R$ 1 bilhão. Isto é, 2% do gasto estimado mensal com o auxílio emergencial. Embora leis de uso de máscara ajudem, informar corretamente a população e as lideranças darem o exemplo também é importante, e tem impacto na trajetória da epidemia. Inversamente, estudos mostram que mensagens contrárias às medidas de prevenção afetam a sua adoção pela população, levando ao aumento do contágio.

3. Implementar medidas de distanciamento social no âmbito local com coordenação nacional.

O termo "distanciamento social" abriga uma série de medidas distintas, que incluem a proibição de aglomeração em locais públicos, o estímulo ao trabalho a distância, o fechamento de estabelecimentos comerciais, esportivos, entre outros, e - no limite - escolas e creches. Cada uma dessas medidas tem impactos sociais e setoriais distintos. A melhor combinação é aquela que maximize os benefícios em termos de redução da transmissão do vírus e minimize seus efeitos econômicos, e depende das características da geografia e da economia de cada região ou cidade. Isso sugere que as decisões quanto a essas medidas devem ser de responsabilidade das autoridades locais.

Com o agravamento da pandemia e esgotamento dos recursos de saúde, muitos estados não tiveram alternativa senão adotar medidas mais drásticas, como fechamento de todas as atividades não-essenciais e o toque de recolher à noite. Os gestores estaduais e municipais têm enfrentado campanhas contrárias por parte do governo federal e dos seus apoiadores. Para maximizar a efetividade das medidas tomadas, é indispensável que elas sejam apoiadas, em especial pelos órgãos federais. Em particular, é imprescindível uma coordenação em âmbito nacional que permita a adoção de medidas de caráter nacional, regional ou estadual, caso se avalie que é necessário cercear a mobilidade entre as cidades e/ou estados ou mesmo a entrada de estrangeiros no país. A necessidade de adotar um lockdown nacional ou regional deveria ser avaliado. É urgente que os diferentes níveis de governo estejam preparados para implementar um lockdown emergencial, definindo critérios para a sua adoção em termos de escopo, abrangência das atividades cobertas, cronograma de implementação e duração.

Ademais, é necessário levar em consideração que o acréscimo de adesão ao distanciamento social entre os mais vulneráveis depende crucialmente do auxílio emergencial. Há sólida evidência de que programas de amparo socioeconômico durante a pandemia aumentaram o respeito às regras de isolamento social dos beneficiários. É, portanto, não só mais justo como mais eficiente focalizar a assistência nas populações de baixa renda, que são mais expostas nas suas atividades de trabalho e mais vulneráveis financeiramente.

Dentre a combinação de medidas possíveis, a questão do funcionamento das escolas merece atenção especial. Há estudos mostrando que não há correlação entre aumento de casos de infecção e reabertura de escolas no mundo. Há também informações sobre o nível relativamente reduzido de contágio nas escolas de São Paulo após sua abertura.

As funções da escola, principalmente nos anos do ensino fundamental, vão além da transmissão do conhecimento, incluindo cuidados e acesso à alimentação de crianças, liberando os pais - principalmente as mães - para o trabalho. O fechamento de escolas no Brasil atingiu de forma mais dura as crianças mais pobres e suas mães. A evidência mostra que alunos de baixa renda, com menor acesso às ferramentas digitais, enfrentam maiores dificuldade de completar as atividades educativas, ampliando a desigualdade da formação de capital humano entre os estudantes. Portanto, as escolas devem ser as últimas a fechar e as primeiras a reabrir em um esquema de distanciamento social. Há aqui um papel fundamental para o Ministério da Educação em cooperação com o Ministério da Saúde na definição e comunicação de procedimentos que contribuam para a minimização dos riscos de contágio nas escolas, além do uso de ferramentas comportamentais para retenção da evasão escolar, como o uso de mensagens de celular como estímulo para motivar os estudantes, conforme adotado em São Paulo e Goiás.

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4. Criar mecanismo de coordenação do combate à pandemia em âmbito nacional -

Preferencialmente pelo Ministério da Saúde e, na sua ausência, por consórcio de governadores - orientada por uma comissão de cientistas e especialistas, se tornou urgente. Diretrizes nacionais são ainda mais necessárias com a escassez de vacinas e logo a necessidade de definição de grupos prioritários; com as tentativas e erros no distanciamento social; a limitada compreensão por muitos dos pilares da prevenção, particularmente da importância do uso de máscara, e outras medidas no âmbito do relacionamento social. Na ausência de coordenação federal, é essencial a concertação entre os entes subnacionais, consórcio para a compra de vacinas e para a adoção de medidas de supressão.

O papel de liderança: Apesar do negacionismo de alguns poucos, praticamente todos os líderes da comunidade internacional tomaram a frente no combate ao Covid-19 desde março de 2020, quando a OMS declarou o caráter pandêmico da crise sanitária. Informando, notando a gravidade de uma crise sem precedentes em 100 anos, guiando a ação dos indivíduos e influenciado o comportamento social.

Líderes políticos, com acesso à mídia e às redes, recursos de Estado, e comandando atenção, fazem a diferença: para o bem e para o mal. O desdenho à ciência, o apelo a tratamentos sem evidência de eficácia, o estímulo à aglomeração, e o flerte com o movimento antivacina, caracterizou a liderança política maior no país. Essa postura reforça normas antissociais, dificulta a adesão da população a comportamentos responsáveis, amplia o número de infectados e de óbitos, aumenta custos que o país incorre.

O país pode se sair melhor se perseguimos uma agenda responsável. O país tem pressa; o país quer seriedade com a coisa pública; o país está cansado de ideias fora do lugar, palavras inconsequentes, ações erradas ou tardias. O Brasil exige respeito.

Assinam a carta: 1 - Affonso Celso Pastore 2 - Alexandre Lowenkron 3 - Alexandre Rands 4 - Alexandre Schwartsman 5 - Álvaro de Souza 6 - Amanda de Albuquerque 7 - Ana Carla Abrão 8 - André de Castro Silva 9 - André Luis Squarize Chagas 10 - André Magalhães 11 - André Portela 12 - Andrea Lucchesi 13 - Angélica Maria de Queiroz 14 - Aod Cunha 15 - Armínio Fraga 16 - Beny Parnes 17 - Bernard Appy 18 - Bráulio Borges 19 - Braz Camargo 20 - Carlos Alberto Manso 21 - Carlos Ari 22 - Carlos Brunet Martins Filho 23 - Carlos Góes 24 - Carolina Grottera 25 - Cassiana Fernandez 26 - Christiano Penna 27 - Claudia Sussekind Bird 28 - Claudio Considera 29 - Cláudio Frischtak 30 - Claudio Ribeiro de Lucinda 31 - Cristiane Alkmin Junqueira Schmidt 32 - Daniel Cerqueira 33 - Daniel Gleizer 34 - Danielle Carusi Machado 35 - Danilo Camargo Igliori 36 - Demósthenes Madureira de Pinho Neto 37 - Dimitri Szerman 38 - Edmar Bacha 39 - Eduardo Amaral Haddad 40 - Eduardo Augusto Guimarães 41 - Eduardo Mazzilli de Vassimon 42 - Eduardo Pontual 43 - Eduardo Souza-Rodrigues 44 - Eduardo Zilberman 45 - Eduardo Zylberstajn 46 - Eleazar de Carvalho 47 - Elena Landau 48 - Fabiana Rocha 49 - Fábio Barbosa 50 - Fabio Giambiagi 51 - Felipe Salto 52 - Fernando Genta 53 - Fernando Postali 54 - Fernando Veloso 55 - Flávio Ataliba 56 - Francisco Ramos 57 - Francisco Soares de Lima 58 - Gabriella Seiler 59 - Genaro Lins 60 - Giovanna Ribeiro 61 - Guilherme Irffi 62 - Guilherme Tinoco 63 - Guilherme Valle Moura 64 - Gustavo Gonzaga 65 - Gustavo Loyola 66 - Helcio Tokeshi 67 - Helena Arruda Freire 68 - Henrique Félix 69 - Horácio Lafer Piva 70 - Humberto Moreira 71 - Ilan Goldfajn 72 - Isacson Casiuch 73 - Joana C.M. Monteiro 74 - Joana Naritomi 75 - João Mário de França 76 - José Augusto Fernandes 77 - José Monforte 78 - José Olympio Pereira 79 - José Roberto Mendonça de Barros 80 - José Tavares de Araujo 81 - Josué Alfredo Pellegrini 82 - Juliana Camargo 83 - Juliano Assunção 84 - Laísa Rachter 85 - Laura de Carvalho Schiavon 86 - Laura Karpuska 87 - Leandro Piquet Carneiro 88 - Leane Naidin 89 - Leany Barreiro Lemos 90 - Leonardo Monteiro Monasterio 91 - Leonardo Rezende 92 - Lucas M. Novaes 93 - Lucia Hauptmann 94 - Luciano Losekann 95 - Luciene Pereira 96 - Luís Meloni 97 - Luis Terepins 98 - Maílson da Nóbrega 99 - Manoel Pires 100 - Manuel Thedim 101 - Marcela Carvalho Ferreira de Mello 102 - Marcelo André Steuer 103 - Marcelo Barbará 104 - Marcelo Cunha Medeiros 105 - Marcelo de Paiva Abreu 106 - Marcelo F. L. Castro 107 - Marcelo Fernandes 108 - Marcelo Justus 109 - Marcelo Kfoury 110 - Marcelo Leite de Moura e Silva 111 - Marcelo Pereira Lopes de Medeiros 112 - Marcelo Trindade 113 - Marcílio Marques Moreira 114 - Márcio Garcia 115 - Márcio Holland 116 - Márcio Issao Nakane 117 - Marco Bonomo 118 - Marcos Lederman 119 - Marcos Ross Fernandes 120 - Maria Alice Moz-Christofoletti 121 - Maria Cristina Pinotti 122 - Maria Dolores Montoya Diaz 123 - Mário Ramos Ribeiro 124 - Marisa Moreira Salles 125 - Maurício Canêdo Pinheiro 126 - Mauro Rodrigues 127 - Miguel Nathan Foguel 128 - Mônica Viegas Andrade 129 - Naercio Menezes Filho 130 - Natália Nunes Ferreira-Batista 131 - Nilson Teixeira 132 - Octavio de Barros 133 - Otaviano Canuto 134 - Patrícia Franco Ravaioli 135 - Paula Carvalho Pereda 136 - Paula Magalhães 137 - Paulo Hartung 138 - Paulo Hermanny 139 - Paulo Ribeiro 140 - Paulo Tafner 141 - Pedro Bodin de Moraes 142 - Pedro Cavalcanti Ferreira 143 - Pedro Henrique Thibes Forquesato 144 - Pedro Malan 145 - Pedro Moreira Salles 146 - Persio Arida 147 - Priscilla Albuquerque Tavares 148 - Rafael B. Barbosa 149 - Rafael Dix-Carneiro 150 - Regina Madalozzo 151 - Renato Fragelli 152 - Renê Garcia Jr. 153 - Ricardo de Abreu Madeira 154 - Ricardo Markwald 155 - Roberto Bielawski 156 - Roberto Iglesias 157 - Roberto Olinto 158 - Rodrigo Menon S. Moita 159 - Rogério Furquim Werneck 160 - Ruben Ricupero 161 - Ruy Ribeiro 162 - Sabino da Silva Porto Júnior 163 - Samira Schatzmann 164 - Samuel Pessoa 165 - Sandra Rios 166 - Sérgio Besserman Vianna 167 - Sergio Margulis 168 - Silvia Matos 169 - Solange Srour 170 - Stephanie Kestelman 171 - Synthia Santana 172 - Thomas Conti 173 - Tiago Cavalcanti 174 - Tomás Urani 175 - Vagner Ardeo 176 - Vilma da Conceição Pinto 177 - Vinicius Carrasco 178 - Vinícius de Oliveira Botelho 179 - Vitor Pereira 180 - Walter Novaes 181 - Wilfredo Leiva Maldonado

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