Em vez de injetar dinheiro do contribuinte em grandes e complexas instituições, é hora de o governo dos Estados Unidos tomar medidas radicais e dividi-las em instituições menores e mais transparentes, disseram ontem importantes economistas a congressistas americanos. "Temos pouco a perder e muito a ganhar dividindo esses hipopótamos que não apenas são muito grandes para quebrar, como também muito grandes para proteger e muito grandes para gerenciar", disse o Prêmio Nobel de 2001 e professor da Universidade Columbia, Joseph Stiglitz, um dos participantes da audiência do Comitê Econômico Conjunto do Congresso dos EUA. Ele argumentou que o setor financeiro americano é muito grande e instituições gigantescas estão mais suscetíveis a assumir riscos excessivos que poderão se voltar contra os contribuintes e distorcer os mercados. De forma similar, Simon Johnson, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts e do Instituto Peterson para Economia Internacional, argumentou que os formuladores de política precisam revisar regras antitruste para evitar o desenvolvimento de instituições financeiras muito grandes. Os bancos devem ser vendidos para novos investidores de private equity e divididos, afirmou Johnson, acrescentando que eles podem ser vendidos em pedaços médios e divididos regionalmente ou por tipo de negócio, para evitar concentração de poder. "Isso pode parecer uma medida cruel e arbitrária, mas é a forma mais direta de limitar o poder das instituições individuais, especialmente em um setor que, conforme o ano passado mostrou, é ainda mais crítico para a economia como um todo do que qualquer um imaginava", disse Johnson. Ele também pediu por limites na remuneração de executivos para todos os bancos que recebem ajuda do governo, inclusive aqueles que se beneficiam de programas do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). O presidente do Fed de Kansas City, Thomas Hoenig, também criticou a resposta do governo federal à crise, afirmando que as medidas se concentraram demais em salvar empresas grandes como a AIG. "Nossas ações, até o momento, têm o risco de prolongar a crise, ao mesmo tempo que aumentam o custo e levantam sérias questões sobre como nós podemos eventualmente desmontar esses programas sem criar outra crise financeira tão ruim ou pior do que a que enfrentamos atualmente", afirmou Hoenig.
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