O Itamaraty vai jogar para o empresariado brasileiro a incumbência de negociar com os seus concorrentes argentinos acordos setoriais de redução voluntária dos embarques de produtos nacionais para o país vizinho. A proposta será sugerida hoje pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), como meio de enfrentar o aparato protecionista montado pela Argentina desde setembro do ano passado. A proposta responde à iniciativa do Palácio do Planalto de desarmar os setores do governo que defendem a adoção de represálias comerciais contra barreiras impostas à Argentina - os ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Agricultura. Como em 2004, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva preferiu uma solução política e uma boa dose de boa vontade dos industriais brasileiros para dissolver o atual conflito comercial com a Argentina. A Fiesp, que há um mês argumentava que diálogo "não resolve nada" e exigia do governo a imposição de barreiras a produtos argentinos, deverá assumir a empreitada sugerida pelo chanceler. Fontes da entidade informaram que o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, está disposto a sintonizar o discurso dele com o do ministro Amorim. Até o encontro entre o presidente Lula e a presidente argentina, Cristina Kirchner, na sede da federação, no próximo dia 20, não interessa a Skaf que apareçam novos focos de conflito no comércio bilateral. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.