A Lei de Informática tem como primeiro objetivo o incentivo à produção local de computadores e celulares. Ela iguala as condições tributárias, para o restante do País, que essas empresas teriam na Zona Franca de Manaus. Mas, com a exigência de se investir cerca de 4% do faturamento em atividades de pesquisa e desenvolvimento, acabou fazendo com que gigantes mundiais do setor instalassem no Brasil centros de software e serviços.É o caso das americanas Dell e HP, que instalaram seus centros no Tecnopuc, em Porto Alegre, e hoje investem neles mais do que a exigência da Lei de Informática. Esses centros não são voltados somente para o mercado local. Eles desenvolvem software usado mundialmente pelas empresas, tanto internamente quanto em seus produtos.O caso da SAP, que criou um centro em São Leopoldo, no Tecnosinos, é diferente. A empresa alemã de sistemas de gestão não tem benefícios da Lei de Informática, que é voltada para equipamentos. Ela acabou decidindo criar o centro no País pela importância do mercado local e pela disponibilidade de pessoal qualificado na região."O Brasil é o terceiro maior mercado para a SAP", afirmou Ricardo Cruz, gerente do SAP Labs Latin America. O primeiro prédio do laboratório foi instalado em 2009, com 7,3 mil metros quadrados e investimento de 14,8 milhões. Atualmente, ele emprega cerca de 520 pessoas.A SAP aprovou, no fim do ano passado, o projeto de expansão do SAP Labs, com a construção de mais um prédio de 7,8 mil metros quadrados e capacidade para mais 550 pessoas. O segundo prédio deve ficar pronto no primeiro semestre do ano que vem.Existem 15 laboratórios da SAP do mundo. Fundado em 2006, o brasileiro foi o primeiro no hemisfério sul. Em 2004, quando a empresa começou a estudar onde instalaria a unidade que acabou em São Leopoldo, o Brasil teve de competir com outros países, como México, Argentina, China e Bulgária.Além de atender a América Latina, com localização, desenvolvimento e suporte, o SAP Labs Latin America também presta serviços para os Estados Unidos, Portugal, Espanha e Itália.Produtos. O centro de pesquisa e desenvolvimento da HP Brasil, em Porto Alegre, criou o ePrint, serviço hoje disponível na linha mundial de impressoras da empresa. Com esse recurso, é possível imprimir um documento a partir de um dispositivo móvel, como um smartphone ou um tablet. "A impressão em nuvem (como é o caso do ePrint) já existia nos HP Labs como ideia", explicou Cirano Silveira, diretor de pesquisa e desenvolvimento da HP Brasil. "Nosso objetivo é levar a tecnologia para o mercado. Criamos a prova de conceito e a primeira versão para BlackBerry. Agora também existem as versões para Android e iOS (iPhone e iPad)."Nos últimos cinco anos, a HP investiu R$ 230 milhões em atividades de pesquisa e desenvolvimento no País. A empresa tem convênios com 15 universidades e centros de pesquisa, em nove Estados. Incluindo o próprio centro e os parceiros, cerca de 700 profissionais trabalham nos projetos da HP no País.A concorrente Dell instalou seu centro de tecnologia em Porto Alegre em 2001. "Este é um centro de tecnologia para o mundo", afirmou Felipe Soares, diretor de tecnologia da informação da Dell. "Fomos o primeiro fora dos Estados Unidos, motivados pela Lei de Informática. Nove meses depois do Brasil, foi aberto o centro da Índia." Atualmente, existem dois na Índia e um na Malásia.O centro brasileiro cuida da loja online global da Dell. Além disso, as atividades de contabilidade, contas a pagar e a consolidação das contas mundiais da empresa são feitas por aqui. "Não foi fácil", disse Soares. "O Brasil não tinha histórico na área de desenvolvimento."