Entenda em 5 gráficos o que os CEOs esperam para a economia global e brasileira em 2025

Economia nacional não foi citada pelos CEOs do mundo como um dos dez principais destinos para investimentos pelo segundo ano consecutivo; País ocupou o 13º lugar e recebeu 4% das menções

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Foto do author Luiz Guilherme  Gerbelli

Pelo segundo ano consecutivo, a economia brasileira não foi citada pelos CEOs do mundo como um dos dez principais destinos para investimentos. O País apareceu na 13ª colocação e recebeu 4% das menções dos executivos, revelou a 28ª edição da Global CEO Survey, conduzida pelo PwC.

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Embora o Brasil tenha voltado a colher um resultado frustrante, houve uma ligeira melhora em relação ao desempenho do ano passado. No levantamento de 2024, o País ficou na 14ª colocação, com 3% das menções.

A pesquisa foi divulgada nesta segunda-feira, 20, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Ao todo, foram entrevistados cerca de 4,7 mil CEOs em mais de 100 países - os executivos brasileiros formaram o grupo com o segundo maior número de respondentes.

“Se levantar os dados de investimento direto internacional, o Brasil, provavelmente, vai, de novo, ter um recorde (em 2024). Parece uma contradição (com a pesquisa)? Talvez, não. O nearshoring, a realocação das cadeias e o protecionismo que a gente vê acontecendo, em função das questões das geopolíticas, têm levado os CEOs a redistribuir mais os seus investimentos e a fazer muitas coisas no seu próprio território”, diz Marco Castro, sócio-presidente da PwC Brasil.

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O nearshoring consiste na estratégia das companhias de aproximar as suas linhas de produção ao mercado consumidor. Nesse movimento, por exemplo, o México tem se beneficiado pela fronteira com os Estados Unidos.

Marco Castro, sócio-presidente da PwC Brasil Foto: Taba Benedicto/ Estadão

As economias citadas pelos CEOs como as mais importantes para os negócios nos próximos 12 meses são a dos Estados Unidos (30%), a do Reino Unido (14%) e a da Alemanha (12%). Na quarta colocação, aparece a China. O gigante asiático angariou 9% das menções, bem abaixo do observado em 2024, quando ocupou a segunda posição com 21%.

Para os CEOs brasileiros, os mercados mais importantes são: Estados Unidos (36%), México (20%) e Argentina (20%).

Otimismo com o crescimento

Apesar de um cenário internacional repleto de tensões geopolíticas, os CEOs entrevistados pela PwC estão otimistas com o desempenho da economia.

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De acordo com o levantamento, 58% dos executivos globais esperam uma aceleração do crescimento econômico mundial nos próximos 12 meses. Apenas 20% acreditam numa desaceleração. É um resultado bem melhor do que o da pesquisa anterior. Em 2024, 38% projetavam uma aceleração do crescimento.

“Há um otimismo maior este ano e, talvez, lá fora ele seja completamente justificável, porque a inflação está contida, a taxa de juros está reduzindo. Há oportunidades acontecendo para esse investimento”, diz Castro. “É inegável que o CEO americano tem uma influência importante da pesquisa. É um dos territórios que responde bastante e existe a expectativa muito grande de uma reindustrialização em solo americano, com todo esse realinhamento que está sendo feito.”

No Brasil, o dado também é positivo. O estudo mostra que 73% dos executivos brasileiros acreditam numa aceleração do crescimento local. No bloco das nações do G-20, o País é o terceiro mais otimista. Fica atrás apenas da Argentina (91%) e da Índia (87%).

“O CEO brasileiro costuma ser mais otimista do que a média em geral”, ressalta Castro.

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A pesquisa da PwC foi realizada entre novembro e dezembro de 2024, quando as empresas começam a planejar o próximo ano. Portanto, pode não ter absorvido completamente a piora que houve no humor da economia brasileira desde que o governo apresentou o pacote de contenção de gastos e a proposta de isenção de cobrança de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

Depois do anúncio das medidas, o dólar ultrapassou o patamar de R$ 6 e os juros dispararam - num claro sinal de desconfiança do investidor.

“Os investimentos também tendem a ter um olhar de médio e longo prazo. E é inegável que o Brasil tem potencial, ainda mais nessa onda limpa de energia. Tem uma matriz que é favorável a isso. É um ano de COP (Conferência das Nações Unidas Sobre Mudança Climática). Seguramente vai se falar disso, e o Brasil vai ganhar visibilidade mais positiva em relação a esse tema”, diz Castro.

“Existem fatos concretos mostrando que o País tem uma produção sólida. É o segundo ano que a gente consegue ter uma performance do PIB superior ao potencial do País. De novo, eu acho que a gente caminha para um modelo parecido. Acho que o crescimento (econômico) de 2025 pode surpreender”, acrescenta.

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Ao longo de 2024, as projeções para o crescimento econômico foram sucessivamente revisadas para cima. A expectativa é de que o PIB tenha avançado 3,5% - o dado será conhecido em março. O mesmo movimento ocorreu em 2023. Para este ano, as previsões para o PIB são de 2%, segundo o relatório Focus, elaborado pelo Banco Central.

Falta de mão de obra

No levantamento, 30% dos executivos brasileiros apontaram a falta de mão de obra qualificada como principal ameaça para os negócios. No recorte global, essa queixa é de 23%.

“É uma preocupação global, mas ela é mais presente no Brasil”, afirma o sócio presidente da PwC Brasil. “O País segue formando muito mais advogados e dentistas do que engenheiros e pessoas que estão voltadas para as áreas de estatística, matemática, tecnologia. A gente tem uma escassez muito grande nisso.”

O Brasil tem convivido com um mercado de trabalho bastante forte. No trimestre encerrado em novembro, a taxa de desemprego foi de 6,1%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número é o mais baixo da série histórica, que teve início em 2012.

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Viabilidade

A pesquisa ainda mostrou um aumento da preocupação com a sobrevivência dos negócios. No Brasil, 45% dos executivos afirmaram que as suas empresas não serão viáveis por mais de uma década se não se reinventarem. Em 2024, eram 41%.

No recorte global, 42% dos CEOs avaliam que a sua companhia precisa se reinventar para continuar viável nos próximos 10 anos. No ano passado, essa fatia era de 45%.

Entres as principais medidas adotadas pelos brasileiros na tentativa de reinventar o negócio, estão a busca de nova base de clientes (51%), o desenvolvimento de produtos ou serviços inovadores (47%), o investimento em novas estratégias de crescimento (34%), as parcerias com outras organizações (33%) e a implementação de novos modelos de precificação (31%).

Segundo o levantamento, 45% dos entrevistados disseram que as empresas expandiram seus negócios e começaram a competir em um novo setor nos últimos cinco anos. No mundo, essa relação é de 38%.

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“Hoje, não se sabe de onde os seus competidores vêm, porque todo mundo está explorando novos negócios. Uma empresa de varejo ganha muito mais dinheiro, às vezes, no financeiro do que na venda do produto”, diz Castro.

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