Entrada de dólares supera US$ 30 bilhões

Volume acumulado até 11 de março já é 24,7% superior ao verificado em todo o ano passado

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Por Fábio Graner/BRASÍLIA

O fluxo cambial em março até o último dia 11 foi positivo em US$ 7,43 bilhões, conforme dados divulgados ontem pelo Banco Central. Com isso, o saldo líquido acumulado de entrada de moeda estrangeira no Brasil neste ano já chega a US$ 30,36 bilhões, volume 24,7% superior ao verificado em todo o ano passado. O movimento do fluxo cambial no ano está fortemente influenciado pelo aumento nas captações externas de empresas e bancos brasileiros, fator que teve aceleração na semana passada diante da expectativa de medidas cambiais a serem adotadas pelo governo. O desempenho do fluxo de moeda para o Brasil é determinado basicamente pelo segmento financeiro - onde são registradas operações de crédito, investimento, remessas de lucros, entre outras. Em março, até a última sexta-feira, o ingresso líquido nessa conta foi de US$ 6,92 bilhões, resultado de entradas de US$ 14,59 bilhões e saídas de US$ 7,68 bilhões. No acumulado do ano, o saldo líquido no financeiro é positivo em US$ 29,27 bilhões (entradas de US$ 89,39 bilhões e saídas de US$ 60,12 bilhões). Em igual período do ano passado, essa conta registrava saldo positivo de US$ 2,39 bilhões. Enquanto isso, o fluxo comercial em março tem superávit de apenas US$ 510 milhões - resultado de exportações de US$ 6,10 bilhões e importações de US$ 5,59 bilhões, acumulando no ano saldo positivo de US$ 1,09 bilhão - exportações de US$ 35,85 bilhões e importações de US$ 34,76 bilhões. Em igual período de 2010, o fluxo comercial foi deficitário em US$ 2,67 bilhões. Temor. Para o economista e professor da FIA/USP André Sacconato, os números do fluxo cambial evidenciam um movimento de antecipação de fluxo por parte dos bancos, que estariam temerosos de o governo impor restrições a captações externas. "É uma reação natural, até saudável, dos participantes do mercado, que estão buscando alternativas mais baratas de financiamento", disse Sacconato. Segundo uma fonte do governo, entre as medidas em estudo para conter a valorização cambial, estavam encarecer as operações de crédito tomados no exterior, que vem impulsionando o fluxo cambial desde o início do ano. Isto poderia ser feito por meio de um aumento no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) ou pela definição de recolhimento compulsório quando estas operações forem realizadas. "Mas uma coisa é estudar, outra é adotar", disse a fonte. As compras de dólares pelo Banco Central no mercado à vista em março até o dia 11 elevaram as reservas em US$ 4,05 bilhões, enquanto as intervenções no mercado a termo (com entrega em data futura) ampliaram as reservas do País em US$ 215 milhões no mesmo período./COLABORARAM CRISTINA CANAS E SILVANA ROCHA

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