A Globalbras não quer inventar a roda com a Água de Cheiro. De olho no aumento do poder de compra da classe C, o negócio do empresário Henrique Alves Pinto é oferecer um bom custo-benefício. E uma das estratégias chave na reconstrução da relação da marca com o consumidor será o fator preço: os produtos da Água de Cheiro serão, em média, sempre 15% mais baixos do que os praticados por O Boticário, rede líder em lojas de perfumaria e cosméticos no País.Hoje com 36 anos, Alves Pinto ficou conhecido do mundo empresarial brasileiro ao fundar, aos 20, a construtora Tenda, especializada em casas populares - posteriormente, a empresa foi vendida à Gafisa. Depois de montar uma empresa na área de bebidas - a Globalbev, empresa que distribui, entre outros, o isotônico Marathon -, ele quer fincar os dois pés no varejo. E não esconde que tem O Boticário como claro modelo: "Tenho de ser humilde para admitir que não sobrevivo se vender pelo mesmo preço de O Boticário. Se cobrar o mesmo preço, as pessoas vão comprar lá."Inovação. Na opinião de um especialista na área de franquias, apostar em uma relação custo-benefício simples e clara pode ser uma vantagem para uma marca que busca se posicionar como uma alternativa à líder. "Às vezes, complexidade demais atrapalha", diz. No entanto, há quem diga que um pouco de inovação não faz mal a ninguém. Para o consultor Eugênio Foganholo, da Mixxer, o lançamento da nova marca do Grupo Boticário, batizada Eudora, mostrou que é possível trilhar caminhos ainda não percorridos no mercado brasileiro - no caso, uma linha de apelo sensual, nos moldes da americana Victoria"s Secret.Por enquanto, porém, o presidente da Globalbras prefere apostar em estratégias já consagradas. Ele conta que, por caminhos seguros, conseguiu multiplicar o faturamento da rede por cinco, para R$ 300 milhões, em 18 meses. Para o segundo semestre, a Água de Cheiro deve deixar sua pegada em um caminho já bastante explorado pelos rivais Natura e O Boticário: o de produtos desenvolvidos a partir da flora brasileira. "Vamos lançar a nossa linha Amazônia", adianta.Para Foganholo, apenas mirar a concorrência pode ser insuficiente para o ressurgimento da Água de Cheiro. "Isso, no fundo, só deixa claro que não há uma estratégia própria", afirma. "Por mais que se mexa na loja e na embalagem, a parte mais complexa é criar atributos que inspirem o desejo do consumidor."