Europa tenta encontrar medidas para evitar tombo da indústria

Milhares de empresas europeias estão perto do fim dos contratos de energia assinados quando os preços eram mais baratos e devem renová-los em outubro com os valores mais caros

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Por Liz Alderman
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2 min de leitura

THE NEW YORK TIMES, FRANÇA - Até certo ponto, a crise de energia enfrentada pela Europa é uma retaliação às sanções europeias que tinham como objetivo punir a Rússia pela invasão da Ucrânia (uma guerra que se estende desde o final de fevereiro). O tormento abalou a confiança das empresas europeias e a capacidade delas de se planejar.

Na semana passada, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs compensar o impacto limitando a receita de geradores de eletricidade de baixo custo e forçando as empresas de combustíveis fósseis a compartilhar o lucro que obtiverem com a disparada dos preços da energia.

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Mas as soluções talvez não sejam rápidas o suficiente. Os preços já subiram para além do que muitas fábricas podem pagar. Milhares de empresas europeias estão perto do fim dos contratos de energia assinados quando os preços eram mais baratos e devem renová-los em outubro com os valores atuais. Os preços para a eletricidade no próximo ano, que estão ligados ao do gás, giram em torno de € 1 mil por megawatt-hora na Alemanha e na França, enquanto o gás, em uma alta recorde, está cerca de € 230 por megawatt-hora.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen; crise de energia enfrentada pela Europa é uma retaliação às sanções europeias com objetivo de punir a Rússia pela invasão da Ucrânia.  Foto: John Thys/AFP

Os cortes na mão de obra decorrentes das interrupções de produção, embora não sejam definitivos, estão aumentando os riscos de uma recessão grave na Europa. A produção industrial na Zona do Euro caiu 2,3%, em julho, em relação ao ano anterior, a maior queda em mais de dois anos.

Combustível inédito

Este mês, na fábrica de vidro Arc International, em Arques (França), 1.600 trabalhadores foram solicitados a ficar em casa dois dias por semana para cortar despesas. E, pela primeira vez, os fornos da Arc passarão a ser movidos a diesel em vez de usar gás natural, fornecido diretamente para a fábrica por meio de um duto.

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O diesel aumentará a pegada de carbono da Arc em 30% e deve ser entregue em grandes quantidades por caminhões-tanque. A indústria sofre com o custo da energia e com o aperto no bolso do consumidor.

”As pessoas estão preocupadas com suas contas de energia de inverno e dizendo: Vou deixar para depois a compra do que não é essencial”, afirmou o CEO da empresa, Nicholas Hodler. / TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

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