Executiva do Google assume o Yahoo em crise

Marissa Mayer, a nova presidente, trabalhou por 14 anos no gigante das buscas e tem o desafio de reinventar a imagem do Yahoo

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Por SAN FRANCISCO
Atualização:

O Yahoo entrou na casa de seu maior inimigo para tentar sair da crise que há anos assola a ex-gigante da internet. A partir de agora, Marissa Mayer, 37 anos, uma das principais executivas do Google, é a nova presidente da empresa. Ela foi a vigésima funcionária contratada pelo Google e sua saída é considerada um movimento surpreendente do Yahoo, já que o mercado esperava a efetivação de Ross Levinsohn, que estava no cargo interinamente desde maio.

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A chegada de Marissa, considerada uma das poucas faces públicas do Google, vem em um momento em que o Yahoo precisa urgentemente se reinventar. Em cinco anos, a empresa perdeu 50% de seu valor de mercado. A executiva chega para tentar reverter a baixa autoestima do Yahoo: além de ter promovido milhares de demissões, a empresa trocou de comando três vezes em menos de um ano (veja quadro ao lado).

A companhia, que antes disputava o mercado de buscas com o Google, agora se considera uma empresa de conteúdo de mídia. Durante o Cannes Lions Festival Internacional de Criatividade, no mês passado, Levinsohn disse que há dois caminhos a serem seguidos: o desenvolvimento de conteúdos em parcerias com anunciantes, que trazem receita, e o foco no desenvolvimento de soluções para internet em smartphones.

O foco nos dispositivos móveis seria justamente um dos talentos da nova presidente. Em 2009, ela descreveu o mecanismo de busca perfeito: "Seria algo capaz de entender fala, perguntas, frases, as entidades a respeito sobre as quais estamos falando. Seria capaz de vasculhar toda a informação do mundo." A "profecia" de Marissa se parece muito com dispositivos de voz atuais, como o Siri, da Apple. O Google deverá entrar com tudo nesse mercado nas próximas semanas, com o Google Now.

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Poder feminino. Em entrevista ao jornal The New York Times, Marissa Mayer disse que "foi uma decisão relativamente fácil" aceitar o principal cargo do Yahoo, "uma das melhores marcas na internet". Associada ao Google, onde entrou há 13 anos, recém-saída da prestigiosa Universidade Stanford, a executiva ocupava atualmente vice-presidência de produtos de busca e experiência do usuário do Google.

A espiral decadente do Yahoo representa um risco para Marissa, mas, ao mesmo tempo, permite que ela se torne o verdadeiro centro das atenções de uma grande companhia - uma chance que provavelmente nunca teria no Google. Como presidente do Yahoo, ela se junta a um seleto clube de mulheres que capitaneiam o dia a dia de companhias de tecnologia, ao lado de Meg Whitman e Virginia Rometty, principais executivas da HP e da IBM, respectivamente. Outra figura feminina importante da tecnologia do Vale do Silício é Sheryl Sandberg, que comanda a área de operações do Facebook.

A decisão inicial pelo Google, que em 1999 não era nem de longe a potência atual, desafiou o senso comum de escolha de carreira. Entre as 14 propostas de emprego que Marissa colecionava ao se formar em sistemas simbólicos (misto de psicologia, filosofia, linguística e ciência da computação), ela deixou passar o sonho de muitos candidatos a líderes americanos: uma oferta da consultoria McKinsey, de onde saíram vários presidentes das 500 maiores empresas que aparecem no ranking da revista americana Fortune.

Em entrevista ao site americano Huffington Post, a executiva afirmou que a balança pesou em favor do Google porque "as pessoas mais inteligentes trabalhavam lá". Outra questão importante na decisão pelo buscador foi o desafio de trabalhar diretamente com temas sobre os quais pouco conhecia: "Me sentia completamente despreparada para trabalhar num motor de busca." / NAYARA FRAGA, COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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