Exportações de ovos do Brasil para os EUA disparam 346,4% no primeiro trimestre

Estados Unidos se tornaram principal destino da proteína brasileira, com 2,7 mil toneladas importadas nos primeiros três meses deste ano, mais do que o total comprado em todo o ano de 2024

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Foto do author Clayton Freitas
Atualização:

Os Estados Unidos importaram 2.705 toneladas dos ovos produzidos pelo Brasil no primeiro trimestre deste ano, saldo 346,4% maior em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O volume do primeiro trimestre supera, sozinho, o que os EUA compraram durante todo o ano de 2024, 2.115 toneladas.

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Somente em março, o volume exportado para os EUA pelos produtores de ovos brasileiros disparou, chegando a 1.982 toneladas, mais de três vezes as 503 toneladas exportadas em fevereiro. Assim, o país foi o principal destino da proteína brasileira no mês passado e também no primeiro trimestre como um todo.

Os EUA estão sofrendo com a gripe aviária, que já dizimou centenas de milhares de aves, afetando a produção de ovos.

Nesta sexta-feira, 11, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o índice de inflação do mês passado no Brasil, e o preço do ovo foi um dos itens que pressionaram o resultado. Os brasileiros estão pagando mais caro pela proteína e lidam como podem com a alta do produto.

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Em nota emitida pela ABPA, Ricardo Santin, presidente da associação, confirma e comemora a alta das exportações para os EUA, mas diz que a oferta interna está preservada.

“Neste mês verificamos, de forma mais expressiva, os resultados positivos da abertura dos Estados Unidos para ovos produzidos no Brasil para termoprocessamento localmente para produtos de consumo humano. Ao mesmo tempo em que se preserva a oferta interna de produtos para o mercado interno, já que representam em torno de 1% do total produzido no país, as exportações representam uma conquista importante para o avanço dos segmentos”, diz.

EUA estão sofrendo com a gripe aviária, que já dizimou centenas de milhares de aves, afetando a produção de ovos. Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Um a cada três ovos foi para os EUA

Em geral, as exportações dos ovos brasileiros para todos os países vêm crescendo. Segundo balanço da ABPA, em janeiro deste ano a alta foi de 22,1%, índice que saltou para 57,5% em fevereiro e disparou em março, com avanço de 342,2%.

O resultado de março reflete o salto das embarcações no mês, que passaram a 3.770 toneladas, ante as 853 toneladas de igual período de 2024. No acumulado do trimestre, o volume passou de 4.388 toneladas de ovos exportados em 2024 para 8.654 toneladas de janeiro a março deste ano, quase o dobro (alta de 97,2%).

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Como o volume exportado para os EUA chegou a 2.705 toneladas no trimestre, significa que um a cada 3,2 ovos exportados no período pelo Brasil teve como destino os consumidores americanos.

Por que os EUA estão comprando tantos ovos do Brasil?

O aumento das exportações coincide com o problema da gripe aviária na América do Norte, sobretudo nos Estados Unidos. Desde 2022, mais de 166 milhões de aves comerciais morreram devido à gripe aviária no país, número que vem aumentando nos últimos meses.

Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH), a gripe aviária é uma doença viral altamente contagiosa que afeta aves domésticas e selvagens.

A doença é causada por vírus divididos em vários subtipos (H5N1, H5N3, H5N8, etc.), cujas características genéticas evoluem rapidamente, segundo a WOAH. Embora a doença ocorra em todo o mundo, alguns subtipos são mais prevalecentes em algumas regiões do que em outras.

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Essa situação pressionou muito os preços dos ovos nos EUA, o que levou muitos comerciantes a venderem o produto por unidade. Para suprir a demanda local, o país se viu obrigado a elevar a importação da proteína, recorrendo não só ao Brasil, mas também à Europa.