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Jornalista e colunista do Broadcast

Opinião|Eventual recessão na economia americana põe em risco dinheiro de investidores no Brasil

Sem agenda de reformas, o Ibovespa fica à mercê do que acontece nos EUA

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Atualização:

Os investidores de Bolsas de Valores estão rindo à toa nos Estados Unidos e no Brasil com a recuperação impressionante dos principais índices acionários desde que atingiram o seu patamar mínimo neste ano, mas um risco assoma no horizonte: uma eventual recessão na economia americana ameaça jogar água no chope de quem tem dinheiro em Bolsa.

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Até o fechamento de ontem, a 113.512 pontos, o Ibovespa já havia subido 18,1% em relação ao seu menor nível de fechamento no ano, registrado no dia 14 de julho. Mesmo assim, os investidores dizem que a Bolsa brasileira ainda está barata.

Esse rali não é mérito próprio do Ibovespa, pois o seu desempenho vem a reboque da surpreendente alta dos índices acionários americanos nas últimas quatro semanas.

Sem agenda de reformas, o Ibovespa fica à mercê do que acontece nos EUA Foto: Amanda Perobelli/Reuters

O índice S&P 500, por exemplo, acumula alta de mais de 11% nos últimos 30 dias até ontem. O índice Nasdaq, repleto de ações do setor de tecnologia, subiu quase 15% no mesmo período.

O que vem alimentando a recuperação das Bolsas americanas é a expectativa do mercado de que o Federal Reserve (Fed) poderá desacelerar o ritmo de aperto na sua próxima reunião de política monetária, em setembro, além de não entregar todas as altas de juros já sinalizadas para 2022 e 2023.

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No Brasil, a maioria dos analistas já dá como certo que o Banco Central não irá mais elevar a taxa Selic após a última alta de 0,50 ponto porcentual, para 13,75%, no início do mês.

Como os últimos dados de inflação vieram bem abaixo do esperado nos EUA, os investidores também elevaram as apostas de que o Fed vai começar a cortar os juros mais cedo do que o esperado há algumas semanas.

Com isso, as taxas dos contratos futuros de juros recuaram fortemente lá fora e aqui, o que incentivou os investidores a migrar novamente para as Bolsas. No Brasil, a taxa do contrato de DI com vencimento em janeiro de 2027, referência da ponta longa da curva de juros, caiu quase 2 pontos porcentuais em menos de um mês.

Por enquanto, a expectativa sobre os próximos passos dos bancos centrais está se sobrepondo aos riscos adiante para as Bolsas. Mas, se os indicadores de atividade piorarem e reacenderem o temor de recessão, o mercado acionário ficará vulnerável à correção nos preços.

Na segunda-feira, por exemplo, os índices acionários começaram o pregão em queda após dados decepcionantes das economias da China e dos EUA. E os investidores ainda nem estão reagindo ao que pode acontecer com a economia brasileira após a eleição presidencial. Sem agenda de reformas, o Ibovespa fica à mercê do que acontece nos EUA.

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Opinião por Fábio Alves

Colunista do Broadcast

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