Está ganhando tração entre analistas um estudo da gestora carioca Mar Asset sobre o crescimento da população evangélica no Brasil, movendo decisivamente o pêndulo do eleitorado para a direita e sinalizando que, ainda que mantida a proporção de votos que o presidente Lula recebeu de evangélicos e não evangélicos no pleito de 2022, a reeleição do petista está seriamente ameaçada em 2026.
Segundo os economistas da Mar Asset, a alteração estrutural observada na sociedade brasileira, com o crescimento da população evangélica, empurrando o perfil do voto médio em direção ao conservadorismo e à direita, “torna minoritária a probabilidade de reeleição do presidente Lula, algo que deve ser antecipado pelos mercados em algum momento de 2025”.
Some-se a isso uma deterioração do ambiente macroeconômico, marcado pela alta da inflação e falta de um ajuste fiscal. Assim, é de se esperar um forte rali dos ativos brasileiros a partir de algum momento deste ano, em particular da Bolsa de Valores, quando nova queda na popularidade de Lula indicar que a reeleição dele é mais improvável.
Para projetar o porcentual de evangélicos do eleitorado total em 2026, o estudo da Mar Asset tomou como base a abertura de igrejas pentecostais, considerando a criação e cancelamento de registro de CNPJ dos templos na Receita Federal. Isso porque o último censo do IBGE sobre o tamanho oficial da população evangélica é de 2010, quando 22% da população brasileira se declarou evangélica. Conforme o estudo, na última década houve a abertura de 5 mil templos evangélicos por ano. Pela projeção da gestora, o número de protestantes já representava 32,1% do total da população na eleição presidencial de 2022. Em 2026, essa fatia seria de 35,8%, ou 78 milhões de brasileiros.

Foi o expressivo voto de não evangélicos a Lula que permitiu ainda a sua vitória, embora pela menor margem da história da eleição presidencial. Em 2022, Lula recebeu 60,3% dos votos de não evangélicos e 31% dos votos de evangélicos. No total, ganhou a eleição com 50,9% dos votos. Diante do crescimento esperado da parcela de protestantes no total do eleitorado, se em 2026 Lula conquistar as mesmas proporções de votos de não evangélicos e de evangélicos de 2022 o apoio total do petista seria de 49,7%, prevê a Mar Asset.
O cenário de reeleição fica ainda mais ameaçado se o candidato de oposição não for Jair Bolsonaro, que afastou parte do eleitor conservador e de centro. Seria, então, esse candidato o governador paulista Tarcísio de Freitas, fervoroso leitor da Bíblia?