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Jornalista e colunista do Broadcast

Opinião | Investimento em títulos de renda fixa de alta liquidez atinge o maior nível em 4 anos

Para os gestores, o ambiente político representa hoje o maior risco para o mercado na América Latina

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Foto do author Fábio Alves

Uma pesquisa do Bank of America (BofA) com 31 gestores de fundos de investimento da América Latina mostrou que, em novembro, os recursos em caixa nas carteiras, ou seja, em dinheiro ou em títulos de renda fixa de elevadíssima liquidez, atingiram seu maior nível desde que esse levantamento começou a ser feito, há quatro anos. Esses fundos somam aproximadamente US$ 72 bilhões em patrimônio.

É possível fazer duas leituras quando o nível de caixa de um fundo está elevado, ou seja, quando o gestor reduz a parcela de recursos investidos em ações de empresas ou em qualquer outro ativo no qual o fundo aplica.

B3, a Bolsa de Valores de São Paulo Foto: Werther Santana/Estadão

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A primeira é de que o gestor estaria pessimista quanto ao desempenho da Bolsa de Valores ou de outro ativo, seja porque acredita que esse ativo já esteja caro demais ou porque vê riscos nos fundamentos que levem a uma queda nos preços. A segunda, por mais paradoxal que pareça, é de que, no auge do pessimismo, o gestor poderia estar reservando recursos à espera de uma oportunidade para sair comprando com base na expectativa de uma eventual virada nos fundamentos que deflagre um rali nas cotações.

No caso da pesquisa do BofA, os analistas do banco disseram, em relatório, que a posição mais leve das carteiras amorteceu os movimentos do mercado no Brasil em meio à disparada na volatilidade, à medida que os investidores questionaram a responsabilidade fiscal do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Mas, afinal, em relação ao Brasil o nível mais elevado do caixa nos fundos de investimento seria um reflexo da falta de confiança dos gestores em relação ao desempenho da Bolsa ou seria uma estratégia para aproveitar um melhor ponto de entrada no mercado?

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A pesquisa do BofA leva a crer que a razão seja mesmo um pessimismo em relação aos ativos brasileiros. Isso porque, em novembro, 45% dos gestores consultados projetavam o Ibovespa acima de 130 mil pontos ao fim de 2023. No levantamento feito em outubro, essa parcela era de 66% dos pesquisados. E o porcentual dos gestores que disseram planejar aumentar a alocação em ações nas suas carteiras nos próximos seis meses caiu de 68%, em outubro, para 45% em novembro.

A pesquisa também mostrou que o ambiente político ultrapassou a alta de juros nos Estados Unidos como o maior risco de “cauda” – jargão do mercado para a probabilidade de grande perda em razão de um evento atípico ou raro – para os mercados da América Latina.

No Brasil, o risco está na definição da nova âncora fiscal que substituirá o teto de gastos e do nome do ministro da Fazenda. l

Opinião por Fábio Alves

Colunista do Broadcast

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