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Professor de Finanças da FGV-SP

Com o mercado em baixa, é hora de investir?

Mesmo mais propensos a risco, hoje, os jovens se perguntam se vale a pena investir em ações ou ‘sentar’ em cima do dinheiro

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Por Fabio Gallo
Atualização:

Os sinais de piora dos mercados estão mais fortes. O receio de subida da inflação e de recessão mundial está cada vez maior entre os investidores. A pesquisa mensal com gestores de fundos do Bank of America (BofA) trouxe dados que mostram um cenário ruim.

A pesquisa realizada até 15 julho, com 259 participantes, que têm mais de US$ 700 bilhões sob gestão, mostra que os investidores reduziram a exposição a ativos de risco a níveis nunca vistos, mesmo considerando a crise global de 2008, sinal de que o ambiente econômico está terrível.

Chave para maior grau de bem-estar financeiro é investir de forma constante ao longo dos anos  Foto: Gabriela Biló/Estadão

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As expectativas de crescimento global e lucro das empresas caíram para o menor nível histórico. A alocação de ações nas carteiras despencou para níveis de outubro de 2008. A pesquisa mostra que 58% dos participantes disseram que estão assumindo riscos abaixo do normal, um recorde que superou os níveis de crise financeira global.

Essa fuga de ativos de risco levou o S&P500 ao mercado de baixa (bear market), sendo este o pior primeiro semestre desde a década de 70, e as ações europeias tiveram a pior queda em seis meses desde 2008. A iminente crise de energia na Europa aumentou a incerteza.

A despeito dos fundamentos para o segundo semestre serem ruins, de forma controversa, o sentimento é de que as ações devem subir nas próximas semanas. No entanto, essa possível alta não deverá ser persistente.

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Outras observações da pesquisa indicam que os investidores estão com alta liquidez, comprados em dólares, petróleo, commodities, ações ESG, mas vendidos em Euros, bancos, tecnologia e consumo. Os investidores são mais pessimistas em relação à Zona do Euro e ao Japão.

Nesse ambiente de alta volatilidade, com queda acentuada das ações e de criptomoedas, subida dos preços dos imóveis e guerra, uma das camadas que mais estão sentindo são os jovens. Pesquisas apontam que as gerações Z e millennials têm o custo de vida, seguido por instabilidades políticas, guerra e outros conflitos entre países, como as grandes preocupações. Mesmo mais propensos a risco, hoje, os jovens se perguntam se vale a pena investir em ações ou “sentar” em cima do dinheiro. Mesmo aqueles que tiveram sucesso na última década, evoluindo profissionalmente e com bom patrimônio, estão hesitando em investir em ativos de maior risco.

Mesmo no ambiente atual, o planejamento financeiro é essencial. Construir uma reserva de emergência para o curto prazo e investir agora pensando no longo prazo provavelmente será recompensado no futuro. Assim, deve ser considerada a criação de uma carteira diversificada e que tenha rendas fixa e variável. A chave para conquistar um maior grau de bem-estar financeiro é investir de forma constante ao longo dos anos.

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