Trump está fazendo diversas declarações que têm espantado a todos, até mesmo parte de seus aliados. Por outro lado, além da verborreia, as decisões já tomadas pelo novo governo estão trazendo impactos que afetam bilhões pessoas e provocam prejuízos de bilhões de dólares.
O custo estratosférico somente das saídas dos EUA dos acordos globais mostra a dimensão dessas ações. A saída do Acordo de Paris tem vários efeitos, afeta diretamente o cumprimento das metas climáticas, avalia-se que haverá a redução anual de aproximadamente US$ 2 bilhões em financiamento climático, considerando compromissos anteriores e contribuições esperadas.
Deixar o Conselho de Direitos Humanos da ONU, além do exemplo negativo, afeta iniciativas que promovem estabilidade política ao redor do mundo e pode resultar em redução de US$ 50 milhões anuais em financiamento para programas de direitos humanos.
Os EUA são um dos principais financiadores da Organização Mundial da Saúde (OMS); assim, a sua saída desse organismo limita o acesso a dados globais de saúde, afetando a capacidade de resposta a surtos e pandemias. A contribuição anual americana à OMS é da ordem de US$ 988 milhões, representando cerca de 14% do orçamento total da organização.

Os EUA também saíram do Pacto Fiscal da OCDE, o que deve enfraquecer os esforços para obtenção de um sistema tributário global mais justo, afetando a arrecadação de impostos em diversos países e criando um ambiente de incerteza para multinacionais americanas. Isso pode resultar em uma perda de US$ 100 milhões anuais em arrecadação tributária global.
O encerramento da agência dos EUA para o desenvolvimento internacional (Usaid), que financia inúmeros projetos de desenvolvimento em áreas como Saúde, Educação e infraestrutura, deve levar à interrupção desses projetos, afetando economias locais e regionais. O impacto econômico deve ser em torno de US$ 20 bilhões anuais em assistência ao desenvolvimento global.
O custo total estimado com a retirada dos EUA desses acordos e organizações internacionais para os próximos 10 anos é de aproximadamente US$ 232 bilhões.
Quem ganha com isso é a indústria de combustíveis fósseis, grandes empresas americanas, setores militares e de defesa dos EUA, empresas farmacêuticas americanas, a política isolacionista e a base eleitoral de Trump. O custo dessas decisões não será sentido em Wall Street, mas nas ruas de cidades devastadas pelo clima, pela fome e pela doença.