SÃO LUÍS - A família Lourenço reside em uma palafita no bairro do Jaracaty, na capital maranhense. O responsável pelo sustento da família é José Lourenço, de 55 anos, que passa o dia catando latinhas e materiais que possam ser reciclados. Todo esse esforço lhe rende entre R$ 50 a R$ 60 por mês. A situação é um exemplo do que vivem 12,9% dos moradores da região Nordeste em situação de extrema pobreza, conforme pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outros 43,5% dos moradores dessa região são pobres.
Na habitação feita de madeira -- que fica em uma ruela sem pavimentação, com lixo espalhado e cachorros sujos com a lama do mangue -- residem nove pessoas. Eles dormem sobre um igarapé. Seis adultos, duas crianças e um adolescente fazem um milagre para continuar sobrevivendo em apenas dois cômodos e um banheiro a céu aberto, onde tudo corre para a maré.
A família busca ao menos ter uma refeição por dia , o almoço, que é à base de arroz e farinha. Desjejum e jantar se restringem ao café e farinha, quando possuem. Todos estão desempregados; e a irmã e o cunhado de José Lourenço são os que possuem o mais alto grau de escolaridade.
+Pobres vivem em domicílios com piores condições
Raquel e Raimundo Lourenço foram os que foram mais longe nos estudos, concluíram o ensino médio, mas querem uma realidade diferente para os filhos. O mais velho, no entanto, já desistiu de concluir o ciclo educacional e, aos 17 anos, passa o dia na rua. Cauan, de 10 anos, está no quarto ano e Daniel, de 3, somente em 2018 iniciará a fase de aprendizado escolar em uma creche. A propósito, a presença deles na escola ajuda a ter fome amenizada com a merenda oferecida diariamente.
Andrea, a outra irmã de José Lourenço, está correndo atrás do tempo perdido e agora está no programa de Educação para Jovens e Adultos (EJA). Mais dois irmãos, Ionete e Moisés, também vivem a amargura do desemprego e da falta de conhecimento.
A família nunca foi contemplada pelo Bolsa Família. Raquel diz que tentou por três vezes e nunca deram um resultado positivo, agora parece conformada com a miséria. Questionados sobre o motivo de tanta pobreza, praticamente todos atribuem à falta de oportunidade de emprego. “Já tentamos trabalhar, mas só o que aparece são bicos. Eu aceitaria trabalhar em qualquer coisa que fosse honesta”, clama Raquel.