Depois de roubar da TAM a liderança no mercado doméstico pela primeira vez no ano passado e se revezar no posto com a concorrente por alguns meses, a Gol está perdendo força nessa disputa. A aérea viu sua fatia de mercado cair pelo terceiro mês seguido em julho. Contando a Webjet, comprada em 2011, foi a quarta queda consecutiva. Desde a aquisição da empresa de baixo custo, a participação conjunta da Gol vinha superando a da TAM em todos os meses, à exceção de janeiro. Em junho e julho, porém, voltou a ficar atrás, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Para especialistas do setor, o movimento mostra que a empresa está mais focada em voltar à rentabilidade, depois de amargar vários prejuízos seguidos, do que em buscar a liderança. "A Gol quer ter um resultado melhor, por mais que perca participação de mercado", diz o consultor Nelson Riet. Para sair do vermelho, as companhias aéreas têm diminuído a oferta, depois de um 2011 com excesso de assentos no mercado. Na TAM, a redução para este ano deve ser de entre 2% e 3%; na Gol, pode chegar a 4%. A estimativa da consultoria Bain & Company é de que hoje exista um excesso de oferta de 10% a 15%, montante que levaria de um a dois anos para ser absorvido pelo mercado. Isso é resultado da alta do dólar e do barril de petróleo, que tornaram as passagens mais caras. Com isso, as empresas têm dificuldade para preencher os aviões. A redução da oferta, no entanto, é vista por especialistas do setor como perigoso para as companhias - especialmente para a Gol - por abrir a possibilidade de migração de passageiros para as concorrentes.