A crise se alastrou por quase todos os setores da economia americana e não há perspectiva de recuperação até o fim do ano ou início de 2010, afirmou ontem o Federal Reserve (Fed, banco central americano), ao divulgar dados do chamado Livro Bege com números de janeiro e fevereiro. "A piora foi generalizada, com as únicas exceções de alguns setores, como a produção de alimentos básicos e a indústria farmacêutica", relata o documento. Os informes dos 12 bancos regionais do Fed, reunidos no relatório, "sugerem que as condições econômicas nacionais se deterioraram mais" em janeiro até o fim de fevereiro. O documento resume as condições econômicas que serão consideradas no encontro do comitê de mercado aberto do Fed, marcado para 17 e 18 de março. Mesmo setores tipicamente resistentes às recessões, como o de saúde, estão sentindo o aperto. "Fornecedores de serviços de saúde informaram que houve queda nos volumes de pacientes, o que foi atribuído em parte a uma queda nos procedimentos eletivos nos distritos de Richmond, Minneapolis e San Francisco", diz o Fed. Também caíram os setores de turismo, manufaturas e o mercado de imóveis comerciais. A redução da demanda atingiu os produtores agrícolas e as empresas exploradoras de matérias-primas. O setor de imóveis particulares, origem da crise, "manteve-se estagnado, com apenas sinais mínimos e espalhados de estabilização em algumas áreas", diz o relatório. Enquanto a demanda por hipotecas "continua deprimida". Os preços das residências "continuaram caindo, com quedas de dois dígitos em algumas áreas, com poucos ou sem sinais de desaceleração evidente". PLANO Ontem o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, explicou ao Comitê de Finanças do Senado alguns dos detalhes sobre o plano aprovado recentemente pelo presidente Obama para ajudar a evitar 8 milhões de execuções hipotecárias. Segundo Geithner, o programa de US$ 75 bilhões permitirá que de 4 a 5 milhões de pessoas refinanciem suas hipotecas e dará subsídios a outras 4 milhões para que possam reduzir as parcelas, diminuindo os juros. Como parte do plano, quem tiver uma hipoteca das companhias Fannie Mae ou Freddie Mac, que desde outubro estão virtualmente nacionalizadas, poderá refinanciá-la, desde que o empréstimo seja de mais de 80% do valor atual da propriedade. Geithner acrescentou que este plano terminará no fim de 2012, e os devedores receberão US$ 1.000 para cada empréstimo modificado, além de um "prêmio"de outros US$ 1.000 por ano por hipoteca paga em dia.