Como todo setor de infraestrutura, a financiabilidade exerce um papel crucial em garantir os necessários investimentos de modernização, expansão e manutenção das atividades. No setor elétrico, há um desafio adicional: os eventos climáticos extremos que temos vivido nos fazem repensar a forma como os negócios são operados, reavaliando procedimentos, introduzindo mais inovação e digitalização, tanto na operação quanto na relação com os clientes.
Nesse contexto, os investimentos no setor elétrico são crescentes: entre 2011 e 2015 foram investidos mais de R$ 320 bilhões, já no período de 2016 a 2020 foram investidos mais de R$ 357 bilhões (conforme divulgado no anuário EPE em dezembro/2024). E a tendência é que essa demanda siga em crescimento, exigindo novos mecanismos de financiabilidade via mercado de capitais.
Nessa rota, já percebemos avanços com a sanção, no ano passado, da Lei n.º 14.801, que criou a modalidade de debêntures de infraestrutura, e passou a permitir também a emissão de bonds para captação de recursos no exterior para financiar projetos de infraestrutura considerados prioritários ao governo – este último já bem-sucedido em sua primeira captação feita pela Eletrobras.
Mas ainda temos a necessidade crucial de retomar o grau de investimento do País, perdido em 2015, e que, se recuperado, vai trazer de forma acelerada ainda maiores perspectivas para a atração dos investimentos ao setor de energia.

Em paralelo, as portarias específicas de alguns ministérios vão consolidar as diretrizes dos investimentos prioritários e garantir a segurança dessa nova modalidade de debêntures. Um exemplo claro desses investimentos são as Smart Grids, ou redes inteligentes, que são, sem sombra de dúvidas, a maior evolução tecnológica que teremos no setor de distribuição nos próximos anos. Esses projetos ainda enfrentam desafios importantes para se tornarem economicamente viáveis por completo, ressaltando a importância de instrumentos que serão complementares às debêntures incentivadas e ao BNDES.
Ao fazer isso, o País poderá aproveitar as imensas oportunidades que se abrem à medida que o setor elétrico se moderniza, tornando-se mais resiliente e preparado para um futuro de energia limpa, acessível e de qualidade. Afinal, assim como o mercado de capitais vem impulsionando o setor elétrico, a modernização e a resiliência dessa infraestrutura crítica só serão possíveis com um arcabouço de financiamento robusto e diversificado, pronto para os desafios do futuro.