O pesquisador da Fipe, Juarez Rizzieri, expôs nesta quarta-feira a possibilidade de o preço do álcool combustível atingir 70% do preço da gasolina nos próximos meses. Atualmente, segundo a Fundação, esta relação está em 56,32%. "Estamos num período de entressafra da cana-de-açúcar e isso já aconteceu antes", disse, lembrando que, em março e abril do ano passado, essa relação chegou a 71,48% e 70%, respectivamente. "Agora, podemos ter um fenômeno parecido, porque o preço do álcool está subindo", afirmou. Rizzieri destacou que, no acumulado de 2006, o álcool registrou deflação de 12,51%. "Então, além da entressafra, há este espaço para aumento de preços", considerou. O pesquisador lembrou, no entanto, que a magnitude da alta do preço do álcool está condicionada ao comportamento de seu substituto direto, que é a gasolina, que "atualmente, está parada". "Vai ter, obviamente, a tentativa de usar mais gasolina e menos o álcool, se isto ocorrer", afirmou. Portanto, o comportamento do preço da gasolina será fundamental, segundo ele, para delimitar uma elevação maior. A incógnita, no entanto, fica por conta do reflexo, na economia doméstica, do preço do petróleo do mercado internacional, que na terça atingiu recorde de baixa. "Temos a vantagem de a Petrobras manobrar este efeito de oscilação dos preços externos." Para o pesquisador, no entanto, será um desafio para o governo decidir se repassará a baixa dos preços internacionais para a gasolina, segurando, conseqüentemente, os do álcool. Outra hipótese, de acordo com Rizzieri, é manter os preços no patamar atual para utilizar os recursos provenientes do lucro da estatal para investimentos, que vem sendo uma tema abordado por diferentes setores da economia. "O lucro da Petrobras é uma fonte expressiva de recursos para ser canalizado para investimentos. E o governo pode, portanto, não repassar a queda dos preços para o consumidor", disse.
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