Com desembolsos de R$ 27 bilhões, o FI-FGTS se tornou o maior financiador de infraestrutura do País, atrás apenas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No entanto, o potencial é muito maior. O Estado apurou que R$ 13 bilhões estão parados no fundo à espera de projetos. Diante da necessidade de financiamento do setor, é um volume significativo. Por mais que a Caixa, administradora do FI-FGTS, receba vários pedidos de aportes e prospecte novos negócios, os volumes liberados não são maiores por causa da inconsistência de alguns projetos, que dão as garantias necessárias ao fundo. Além disso, o tempo de análise das propostas, por volta de um ano, ainda é considerado no banco estatal como um entrave para acelerar novos negócios. Dos recursos represados, R$ 4 bilhões estão aplicados em títulos públicos e o restante já tem autorização do conselho curador do FGTS, mas ainda não foi integralizado ao fundo. Há uma intenção de diversificar a carteira de investimentos para que os aportes não fiquem concentrados em poucos grupos econômicos e setores. Entre os projetos com mais possibilidade de aprovação do fundo não consta nenhuma proposta da Odebrecht, Sete Brasil e Vale, os três campeões de aportes do FI-FGTS. Polêmico. Na fila está, por exemplo, o Estaleiro Atlântico Sul (EAS), que pode receber aportes de até R$ 400 milhões do fundo. A operação faria com que o FI-FGTS se tornasse sócio das empresas Camargo Correa, Queiroz Galvão e de um grupo de empresas japonesas liderado pela IHI Corporation. Mas fontes afirmam que a participação do fundo em até 20% do estaleiro em Pernambuco pode não sair do papel depois que as negociações se tornaram públicas. A avaliação é que alguns membros do comitê de investimentos do FI-FGTS (composto por seis representantes do governo, três dos trabalhadores e três das empresas) podem votar contra o aporte por considerar o investimento polêmico. Outro projeto que pode deslanchar é o investimento de R$ 500 milhões para projetos de geração de energia e reciclagem na Estre, maior companhia privada de coleta e tratamento de lixo. O fundo conseguiria, ao mesmo tempo, ampliar os recursos em saneamento básico e ser sócio de uma empresa concorrente da Odebrecht Ambiental, que lidera nessa área. Uma das coisas que pesam contra a Estre, porém, é o controle acionário. A companhia tem como sócios o empresário Wilson Quintella Filho e fundos do banco BTG e da gestora Agra Infraestrutura. A Caixa ficou "escaldada" com empresas que tem como sócios majoritários pessoas físicas porque eles não aportam os recursos necessários quando as empresas entram em falência. Foi o caso da Rede Energia. O dono do grupo, Jorge Queiroz. "Essa experiência com a Rede nos deixa com o pé atrás em negócios com sócios pessoas físicas", disse uma fonte. A Caixa e, consequentemente, o trabalhador não viram a participação que tinham na Rede (25%) virar pó porque o empresário conseguiu vender a companhia para a Energisa. / M.R.A.e R.P.