Furnas Centrais Elétricas, a segunda maior geradora de energia elétrica no País e responsável pelo fornecimento para a maior parte da energia consumida na região sudeste, está praticamente sem comando. Com diretoria provisória desde o primeiro semestre do ano passado, quando o ex-ministro Luiz Carlos Santos pediu demissão da presidência para disputar a eleição para deputado federal em São Paulo pelo PMDB, a empresa ficou sem profissionais do escalão intermediário no início deste ano, devido à maciça aposentadoria de superintendentes e chefes de departamentos. Segundo dados obtidos pela Agência Estado, de 31 superintendentes ? o segundo nível no escalão da empresa, logo abaixo da diretoria ? 29 profissionais se aposentaram em dezembro e dos 93 chefes de departamentos 61 aderiram ao Plano de Demissão Voluntária (PDV). O PDV foi definido em 1999, quando a empresa foi incluída no Programa Nacional de Desestatização (PND), mas a empresa continuou estatal devido à forte resistência de seus funcionários e do ex-governador de Minas Gerais, Itamar Franco. Conforme a publicação Maiores e Melhores, da revista Exame, Furnas ficou na décima-segunda posição entre as maiores do País em 2001, em termos de faturamento. Procurada pela Agência Estado, Furnas não quis se manifestar, argumentando que a situação só será definida a partir da próxima semana, com a nomeação dos novos diretores. O atual presidente, Dimas Toledo, foi indicado de forma interina pelo atual governador de Minas Gerais, Aécio Neves (quando ainda presidia a Câmara dos Deputados), mas técnicos da empresa não acreditam que ele vá continuar no cargo, apesar de alguns consideram que a estatal estaria na "cota do Aécio" para a nomeação de dirigentes de estatais. Com isso, estaria em alta a indicação de Djalma Moraes, presidente da Centrais Elétricas de Minas Gerais (Cemig). Furnas é das empresas mais rentáveis do grupo Eletrobrás e forte geradora de caixa. "Como eles (o governo) seguraram os nossos investimentos e fizemos drásticos cortes de pessoal, a margem de lucro cresceu muito. As nossas usinas estão quase todas amortizadas e o nosso combustível principal é a água, que só gera despesa de royaltie", disse um técnico da empresa. Na gestão passada, a empresa foi controlada de perto pelo governo, que segurou os investimentos até o início de 2001, na tentativa de prizatizá-la. Devido ao racionamento de energia elétrica, porém, a geradora conseguiu aprovar vários projetos "de emergência" e está executando ambicioso plano de expansão, especialmente a ampliação de linhas de transmissão, além da "repotenciação" de três grandes temelétricas, que passarão a usar gás natural em substituição ao óleo combustível. No segundo semestre sofreu outra perda, quando a Eletrobrás tirou de Furnas o direito de comercializar a energia gerada por Itaipu, maior hidrelétrica do mundo e que gera cerca de 25% do consumo brasileiro.