O futuro da Varig deve ser decidido nesta sexta-feira, quando vence o prazo de depósito de US$ 75 milhões para validar a proposta do Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) de compra da empresa por US$ 449 milhões. Caso o dinheiro não apareça até às 11 horas - a hipótese mais provável -, a comissão de juízes responsável pela recuperação judicial da Varig vai anular o leilão realizado no dia 8. Depois disso, três alternativas são possíveis: falência definitiva, um novo leilão ou a convocação de assembléia de credores para avaliar a oferta de US$ 500 milhões apresentada pela VarigLog à Justiça, na terça-feira. Representantes do TGV, que já admitiram não conseguir os recursos, levantaram na quinta-feira a possibilidade de, na última hora, pedir adiamento de prazo. Eles alegam ainda estar negociando a obtenção do dinheiro. Além disso, para a organização, o prazo vence às 18 horas, sete horas depois do horário estipulado pela Justiça. O depósito é vital para a Varig sensibilizar a Justiça americana a prorrogar uma liminar que protege a empresa contra o arresto de aviões. O juiz Robert Drain, da Corte de Falências de Nova York, estendeu a decisão até 21 de julho, condicionada à entrada de dinheiro nesta sexta-feira. ?Acredito que uma empresa que fez proposta em leilão tenha noção de sua responsabilidade. Se isso não acontecer, irá me assustar muito?, disse o reestruturador da Varig, Marcelo Gomes. A oferta da VarigLog pela ex-controladora, relata uma fonte da ex-subsidiária da Varig, também está condicionada à aprovação, pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), da aquisição da empresa pela Volo do Brasil, negócio fechado em dezembro do ano passado. Ontem, o presidente da agência, Milton Zuanazzi, disse que as duas negociações são independentes e uma eventual formalização da oferta da VarigLog pela Varig não é inválida. A Volo do Brasil, que tem como principal acionista o fundo americano Matlin Patterson, alega, no entanto, que sem a oficialização da compra da VarigLog - que, por sua vez, compraria a Varig - não há garantias do controle do fundo sobre a holding. Antes de a Justiça do Rio definir qual será a solução para a Varig, o administrador judicial da companhia, a consultoria Deloitte, e o Ministério Público do Rio terão de analisar as conseqüências do cancelamento do leilão. O interesse da VarigLog é pela operação integral da companhia. Da oferta total, US$ 20 milhões podem ser depositados imediatamente. Fonte da VarigLog conta que, caso a decisão seja por um novo leilão, que eventualmente seja vencido por outro investidor, o ganhador terá de reembolsar a VarigLog. A idéia é a Volo do Brasil ficar com 90% da companhia e os trabalhadores com 5%. Os restantes 5% ficariam com a antiga Varig (com o passivo de R$ 7 bilhões), como forma de utilizar a participação acionária para saldar, gradualmente, o débito.
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