Conexão da teoria com a prática, por estudantes da Pós-Graduação Profissional da FGV EAESP

Opinião | De Dentro Para Fora: Como a Cultura Organizacional Molda o Sucesso

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Por Pós-graduandos - FGV - EAESP

"A cultura come a estratégia no café da manhã", afirmou Peter Drucker, um dos mestres da administração. Essa frase encapsula a importância crucial da cultura organizacional para o sucesso de qualquer empresa. A cultura não é apenas um conjunto de valores abstratos, mas sim o DNA da empresa, que molda comportamentos, crenças e aspirações. Ela serve como uma bússola, orientando as ações de todos os colaboradores, do CEO ao estagiário.

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Diversos estudos demonstram que empresas com culturas fortes obtêm resultados financeiros superiores, maior produtividade e menor rotatividade de funcionários. Como justificar, contudo, a importância de investir na cultura organizacional, se a dificuldade de mensurar seu impacto direto nos resultados financeiros e a complexidade de alinhá-la à estratégia de negócios são tão grandes?

Especialistas afirmam que a cultura organizacional define o ambiente no qual as pessoas trabalham e como isso influencia suas percepções e ações. Uma cultura positiva pode extrair o melhor das pessoas, criando ambientes produtivos e colaborativos, enquanto uma cultura negativa pode gerar ambientes disfuncionais e estressantes.

A cultura organizacional abrange várias dimensões que impactam significativamente o desempenho da empresa. Por exemplo, uma cultura de inovação estimula a geração de novas ideias, enquanto uma cultura de segurança foca na prevenção de acidentes. Uma cultura voltada para resultados concentra-se em metas tangíveis, e uma cultura de aprendizagem valoriza o desenvolvimento contínuo. Essas dimensões frequentemente se sobrepõem e interagem de maneira complexa, moldando a identidade única de cada organização.

Um estudo seminal conduzido por John Kotter e James Heskett, que acompanhou empresas por onze anos, revelou que aquelas com culturas saudáveis tiveram um aumento médio de 682% nas vendas, comparado a um aumento de apenas 166% nas empresas com culturas menos saudáveis. Isso demonstra o impacto profundo e positivo que uma cultura organizacional robusta pode ter no desempenho financeiro.

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Culturas de alto desempenho compartilham características comuns. Elas estão associadas a uma visão clara, com colaboradores alinhados à missão, visão e valores da empresa, criando um senso de propósito comum. Além disso, essas culturas se destacam pela comunicação aberta e transparente, facilitando a colaboração e a inovação. Outro fator essencial é o foco no desenvolvimento e bem-estar dos funcionários. Empresas com culturas de alto desempenho investem em treinamento contínuo, oferecendo oportunidades de crescimento, e promovem um ambiente saudável que valoriza o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

A liderança eficaz é fundamental para criar e manter uma cultura de alto desempenho. Líderes inspiradores e justos exemplificam os valores da empresa em suas ações diárias, motivando suas equipes a buscarem a excelência. Eles reconhecem e recompensam o bom desempenho, promovendo um ciclo contínuo de excelência e aprendizado organizacional.

O relatório "State of the Global Workplace: 2024", da Gallup, destaca que muitas organizações com altos níveis de engajamento de funcionários alcançaram esse status por meio de esforços intencionais da liderança ao longo de vários anos. Essas empresas não apenas atraem e retêm talentos, mas também alcançam taxas superiores de engajamento.

Embora as vantagens de uma cultura organizacional forte sejam evidentes, medir seus benefícios financeiros diretos pode ser um desafio. Benefícios como lealdade do cliente e redução da rotatividade são difíceis de quantificar em termos de valor monetário. No entanto, empresas com culturas sólidas frequentemente são reconhecidas positivamente tanto por funcionários quanto por clientes. A Natura, por exemplo, destaca-se por seu comprometimento com a sustentabilidade, o que a posicionou na liderança do ranking de empresas com melhor reputação no Brasil nos últimos 10 anos.

Por outro lado, manter culturas rígidas e fechadas, como as de comando e controle, pode impedir que uma empresa desenvolva vantagens competitivas e impactar negativamente a produtividade, além de limitar o desenvolvimento dos funcionários. Ambientes que permitem aos indivíduos identificar e utilizar seus talentos naturais tendem a melhorar significativamente a produtividade. Funcionários que utilizam suas habilidades são mais propensos a sentir motivação intrínseca, tornando o trabalho menos oneroso. Equipes que conhecem e aproveitam as forças de seus membros trabalham de forma mais eficaz e aumentam a coesão. A Gallup, em um estudo abrangendo quase 50 mil unidades de negócios em 45 países, descobriu que equipes focadas em maximizar suas forças obtiveram aumentos de 10% a 19% nas vendas e crescimento de 14% a 29% nos lucros, comparadas a grupos de controle.

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Em síntese, líderes e gestores organizacionais precisam entender que a cultura não é um conceito abstrato, mas sim a força motriz por trás do sucesso ou fracasso de suas empresas. Eles devem reconhecer que são os arquitetos da cultura e que têm o poder de moldar um ambiente de trabalho onde as pessoas se sintam inspiradas, engajadas e prontas para alcançar grandes feitos. Assumir um papel ativo na transformação cultural e investir no desenvolvimento de gerentes eficazes, promover o bem-estar dos funcionários e engajá-los em todas as etapas de seu ciclo de vida pessoal e profissional são essenciais para construir um legado de sucesso e transformar a vida das pessoas que trabalham em suas organizações.

Marcelo Augusto Lima Santos - Pós-graduando do Doutorado Profissional em Administração da FGV EAESP

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