BRASÍLIA – Em tom de enfrentamento, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, usou o evento de celebração dos 43 anos do partido nesta segunda-feira, 13, para aprofundar a ofensiva do governo ao Banco Central (BC) e ao patamar dos juros no País. A petista disse a um auditório lotado de militantes – e sob os olhos atentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – que os ricos do País mentem e o BC “corrobora com a mentira”.
“Eles (ricos) mentem e o Banco Central, uma autarquia brasileira, corrobora com a mentira, impondo um arrocho de juros elevados ao Brasil. Isto tem que mudar”, disse a presidente do PT, reforçando o discurso de confrontação adotado por Lula nas últimas semanas. “Nós precisamos parar de ter medo de debater política econômica, seja ela monetária, fiscal ou cambial e tentar nos acomodar àqueles que querem assim ou pensam assim”, prosseguiu.
Gleisi não poupou ataques aos agentes econômicos que, segundo ela, tornam o mercado financeiro brasileiro “antiquado” e “atrasado”. A petista ainda disse que os operadores do mercado ainda não perceberam as “mudanças internacionais”. Sem recuar do confronto com o BC e os investidores, a presidente do PT ainda disse que “não há acomodação possível” entre os interesses do partido e dos investidores “diante de 33 milhões de brasileiras e brasileiros que passam fome”.
Mais cedo, os integrantes do Diretório Nacional do PT se reuniram na sede do partido em Brasília e aprovaram uma resolução que orienta as bancadas petistas na Câmara e no Senado a convocar Campos Neto para que ele preste esclarecimentos ao Congresso sobre o motivo de manter os juros altos. Hoje, a taxa básica de juros está em 13,75% ao ano. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou mais cedo que os juros no Brasil são totalmente “fora de propósito”.
Seguindo a toada adotada por Lula e pelo partido, Gleisi disse que “não há técnica nem razão inquestionável nas decisões econômicas”. O PT tem apostado num embate com o receituário liberal enquanto defende a adoção de uma agenda mais heterodoxa na economia.
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Além do debate econômico acalorado, Gleisi usou a festa dos 43 anos do PT para reforçar a versão da organização dos eventos recentes da história política do País que afetaram diretamente suas lideranças, como o impeachment da ex-presidente Dilma Roussef (PT) e a condenação de Lula no âmbito da Lava Jato.
“O PT foi perseguido e demonizado. O nosso governo, o governo da presidenta Dilma, foi deposto por um golpe. O nosso maior líder, o presidente Lula, foi injustamente e ilegalmente condenado, teve os direitos caçados, e amargou 580 dias de prisão, sem culpa”, disse Gleisi. Fomos atacados com violência inigualável. Decretaram o fim do presidente Lula e a morte do PT, mas não conseguiram arrancar nos raízes por elas estão plantadas no coração do povo brasileiro e nós estamos aqui novamente”, completou.
A petista ainda afirmou que “os que atentaram contra a democracia desde antes do dia 8 de janeiro hão de responder por seus crimes para que não voltem a repeti-los. É sem anistia”, repetindo o lema cunhado pelos militantes do PT durante a posse de Lula.