A General Motors ameaça recorrer à Justiça do Trabalho contra o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos para pedir indenização por possíveis prejuízos causados pela greve de 24 horas comandada pela entidade ontem na fábrica do Vale do Paraíba, interior de São Paulo.Segundo o diretor de assuntos institucionais, Luiz Moan, a empresa foi pega de surpresa. Na quinta-feira, diz ele, ficou acertado durante reunião mediada pela Delegacia Regional do Trabalho (DRT) que as partes voltariam a se encontrar no dia 20 ou 25, com a participação da Prefeitura local. Também estava agendada outra reunião entre empresa e sindicato para o fim do mês para discutir o futuro da fábrica. No mesmo dia, o sindicato havia decretado estado de greve."Foi uma surpresa desagradável e vamos avaliar a possibilidade de um pedido de indenização por perdas na produção", afirma Moan. Segundo o sindicato, cerca de 750 veículos deixaram de ser produzidos, número não confirmado pela empresa.Segundo a GM, 50% do pessoal da manhã e 30% da tarde trabalharam, informação contestada pelo sindicato. Na quinta-feira, os funcionários atrasaram a produção por duas horas.A paralisação é um protesto contra a possibilidade de a empresa fechar o setor onde são produzidos os modelos Classic, Corsa e Meriva e a possível demissão dos 1,5 mil trabalhadores. Nas últimas semanas, 356 funcionários deixaram a montadora em programas de demissão voluntária.Ao todo, trabalham 7,5 mil pessoas na unidade, que também produz a picape S10, motores e veículos desmontados para exportação (CKD). "Vamos aumentar a pressão até que a GM garanta a estabilidade no emprego aos trabalhadores. Não dá para aceitar que a empresa seja beneficiada com dinheiro público e ainda assim faça demissões", diz o presidente do sindicato, Antonio Ferreira de Barros.Ele vai se reunir hoje com o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, em Brasília. O sindicato quer a intervenção do governo, pois alega que o acordo que reduziu o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os automóveis impede demissões.Moan informa que, após ouvir o sindicato, Carvalho também vai ouvir a versão da GM. Ele afirma que a empresa não vai quebrar o acordo feito com o governo e que a manutenção da linha de montagem de São José vai depender da demanda pelos veículos. "Só vamos fazer essa avaliação no fim do mês", informaOs sindicalistas reclamam que a unidade não tem recebido investimentos - que estariam sendo destinados só para as fábricas de São Caetano do Sul (SP) e de Gravataí (RS). A GM alega que reduziu investimentos na unidade por falta de acordo com o sindicato, que não aceita flexibilizar as relações trabalhistas. Vendas. Foram vendidos no País, até o dia 15 - dez dias úteis - 157 mil automóveis e comerciais leves, uma queda de 1,9% em relação a igual período de junho. Na comparação com os dez primeiros dias de maio, quando ainda não estava valendo a redução do IPI, o resultado é 17,4% maior.No acumulado do ano, os emplacamentos apresentam alta de 0,4% em relação a 2011, para 1,789 milhão de unidades, segundo dados preliminares da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave)./ COLABORARAM GERSON MONTEIRO e WLADIMIR D'ANDRADE