Gestores financeiros no Brasil desconhecem plano de sucessão para seus cargos, aponta estudo

Somente 23% dos diretores financeiros de grandes empresas ouvidos em relatório da Deloitte confirmaram a existência de planejamento sucessório para o cargo nas companhias onde trabalham

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Foto do author Shagaly Ferreira

A posição de um diretor financeiro (CFO, na sigla em inglês) tem sido cada vez mais estratégica para as grandes empresas, mas a transparência sobre o planejamento para uma eventual sucessão do cargo não é uma realidade nas maior parte das companhias no Brasil.

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A conclusão vem de dados recentes do mapeamento CFO Survey, feito pela consultoria Deloitte, entre outubro e dezembro de 2024. Conforme a pesquisa, somente 23% dos executivos ouvidos disseram que as empresas onde atuam já possuem planejamento de sucessão para seus cargos.

Com isso, quase oito em cada 10 dos CFOs entrevistados ou dizem não saber da existência de planos de sucessão para os seus cargos ou afirmam que, de fato, não há planos sucessórios dessa natureza nas empresas em que trabalham.

Estudo aponta que parte dos CFOs no Brasil acredita que não há plano sucessório para seu cargo Foto: José Cruz/ Agência Brasil

Nos casos em que os CFOs têm certeza sobre a existência de planos sucessórios em suas empresas, eles afirmam que esse processo é acompanhado por diferentes atores corporativos. Entre os responsáveis pelo acompanhamento desses planos estão: os CEOs das organizações (42%); os líderes de Recursos Humanos (29%); os membros de conselhos (25%); ou os integrantes de comitês especiais de planos de sucessão (4%).

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De acordo com o sócio-líder do CFO Program da Deloitte, Paulo de Tarso, no mercado, é um grande desafio para as organizações traçar um plano sucessório adequado para os seus executivos. As razões vão desde a concentração das lideranças em objetivos de curto prazo até a não inserção do CFO nos planos de longo prazo das companhias, de modo que ele esteja ciente dessas resoluções.

“Muitas vezes, as instabilidades econômicas, financeiras e geopolíticas que impactam os negócios no cotidiano tão frequentes, que o foco do empresário acaba sendo essas ações de curto prazo, e isso é uma das razões para que o plano sucessório nem sempre esteja tão bem estabelecido nas organizações”, explica o especialista.

Paulo de Tarso é sócio-líder do CFO Program da Deloitte Foto: Deloitte/Divulgação

“Além disso, nem sempre o executivo da posição de CFO tem conhecimento do plano sucessório. Muitas vezes, o material sobre este plano fica em outros níveis da organização, e talvez algumas delas optem por não formalizar para o executivo de finanças a existência desse planejamento de sucessão. Isso acaba não sendo transparente”, complementa.

As fragilidades no plano de sucessão, no entanto, não são compatíveis com a importância que um CFO tem dentro nas empresas. O estudo mostra que, dentro de suas funções, o protagonismo desses profissionais está atualmente: nas tomadas de decisões estratégicas (89%); no envolvimento direto com a elaboração da estratégia do negócio (78%), na participação ativa na gestão de riscos, tanto financeiros quanto não financeiros (75%); e na atuação para o gerenciamento de crises (71%).

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Tecnologia como suporte

A posição significativa dos CFOs na incorporação de tecnologias, como inteligência artificial (IA), nas empresas também é um ponto positivo sobre seu papel nas organizações, apesar das inconsistências com a sucessão. Eles devem usar esses recursos, no futuro, para obter ideias estratégicas que ajudem na execução da sua função. Dois terços dos entrevistados, por exemplo, afirmaram que pretendem adotar a IA nas atividades financeiras, como planejamento e análise.

Nesse sentido, é uma tendência o ganho de eficiência com a utilização de uma IA em toda a empresa, tendo o CFO como um facilitador. “Esse é um exemplo de um dos papeis estratégicos do CFO dentro de uma organização. Ele consegue ser um grande catalisador e também influenciador do movimento de transformação tecnológica nas organizações”, afirma Tarso.

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