Governo brasileiro avalia que tarifas já não importam e que comércio EUA-China foi inviabilizado

Ordem do Palácio do Planalto aos ministérios envolvidos é continuar as negociações com os EUA; Alckmin tem reunião com ministro do Comércio da China

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Foto do author Célia Froufe

BRASÍLIA - O limite da escalada de tarifas de importação recíprocas entre Estados Unidos e China não importa mais, na visão do governo brasileiro. Na madrugada desta sexta-feira, 11, o gigante asiático anunciou que vai elevar sua tarifa retaliatória sobre importações dos EUA de 84% para 125%, a partir deste sábado, 12. Pequim, porém, avisou que não pretende mais igualar eventuais novas elevações de tarifas pelos EUA.

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Segundo uma autoridade brasileira ouvida pelo Estadão/Broadcast, os aumentos em sequência de alíquotas já não importam mais, pois o comércio entre as duas maiores potências econômicas do globo já se tornou inviável.

Outra notícia entre as trocas dos dois países, porém, é vista como positiva para o Brasil. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a China já cortou 60% dos fornecedores de carne bovina dos EUA, com um total de 392 estabelecimentos passando por suspensão de transações. O argumento oficial, porém, segundo o jornal, é o descumprimento de regras sanitárias.

Conversa entre Brasil e China antecede uma nova viagem oficial de Lula ao país asiático, prevista para maio Foto: Patrick T. Fallon/AFP

A medida vem depois que o Departamento de Alfândegas da China (Gacc, na sigla em inglês) anunciou a suspensão de importações de duas empresas de carne de aves dos Estados Unidos desde o último dia 4, o que também foi interpretado como uma oportunidade para os produtos brasileiros.

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A ordem do Palácio do Planalto aos ministérios envolvidos é continuar as negociações com os EUA. O presidente Donald Trump havia taxado o Brasil em 10%, o que num primeiro momento seria uma “vantagem comparativa” relativa a outras economias que sofreram com tarifas maiores. Recentemente, no entanto, o republicano recuou, fazendo com que todas as nações — menos a China — tivessem esse mesmo patamar de alíquotas.

O Estadão/Broadcast apurou que, após a pausa determinada por Trump por 90 dias, o governo vê espaço para diminuir a alíquota doméstica de 10%. Na manhã desta sexta, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, agendou uma reunião por videoconferência com o ministro do Comércio da China, Wang Wentao, às 8h15, a pedido do governo chinês.

A conversa antecede uma nova viagem oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país asiático, prevista para maio. O presidente da China, Xi Jinping, esteve no Brasil em novembro do ano passado, quando assinou com o governo brasileiro 37 atos, com acordos incluindo áreas como agricultura e indústria, além de um plano de cooperação por sinergias entre programas brasileiros e o “Belt and Road”, o “cinturão e rota” chinês.