O governo reforçou as conversas com lideranças de caminhoneiros em todo o País para impedir que haja uma paralisação da categoria, a partir da próxima segunda-feira. A preocupação do Planalto é que essa paralisação, se ocorrer, possa provocar desabastecimento de produtos nas cidades. A avaliação de assessores presidenciais é que a mobilização está sendo feita com objetivo eminentemente político, já que conta com a participação e convocação de grupos que pedem o impeachment de Dilma da Presidência, como o Movimento Brasil Livre e o Vem Pra Rua.
Nos últimos dias, a presidente Dilma Rousseff fez pelo menos duas reuniões para tratar do problema, dada a grande preocupação com o tema. O Planalto não quer reviver a crise enfrentada no início do ano, quando rodovias foram bloqueadas, o que causou grande desgaste para o governo. A exemplo do que houve naquela época, o governo sabe que uma paralisação dessa categoria pode provocar muita confusão e protestos contra a presidente, justamente num momento em que a ameaça de impeachment contra ela começa a perder força.
O acompanhamento está sendo conduzido pelos ministros da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, da Justiça, José Eduardo Cardozo e do Trabalho, Miguel Rossetto. O governo se prepara até para, se necessário, usar medidas judiciais para evitar fechamento de estradas, por meio da obtenção de liminares preventivas.
Ontem, a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) afirmou que, diferentemente do que aconteceu em fevereiro, esse o movimento não tem o apoio dos principais sindicatos do setor. A greve está sendo chamada pelo Comando Nacional do Transporte, que se declara independente de sindicatos.
O presidente da União Nacional dos Caminhoneiros, José Araújo Silva, conhecido por China, disse repudiar a paralisação, por sua conotação política.
O presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos, Janir Bottega, por sua vez, disse que, “enquanto cidadão”, reconhece que “há um descontentamento contra o governo”. Mas ressalvou que os caminhoneiros não podem fazer paralisações com uma pauta de reivindicação cujo primeiro item é o pedido de impeachment da presidente da República. /COLABOROU ANDRÉ BORGES