BRASÍLIA - A decisão de colocar o banco Cruzeiro do Sul sob Regime de Administração Especial Temporária (Raet) reflete a avaliação do governo de que é possível encontrar uma solução de mercado para a instituição, sem liquidação, mas que não seria possível deixar os atuais controladores no comando dos negócios, segundo fontes do governo. Esse é o primeiro Raet desde 1995, quando esse modelo foi utilizado no Banco Nacional.
Desde a supervisão iniciada em março no Cruzeiro do Sul, foram encontrados problemas como provisões inadequadas, créditos não contabilizados, descumprimento de normas e procedimentos, mas que afetam apenas as empresas do grupo e os fundos dos quais o banco é cotista.
Por isso, a avaliação do governo é que não há risco para o sistema financeiro, como no caso do Panamericano. Além disso, conforme nota divulgada pelo Banco Central nesta manhã, o Cruzeiro do Sul é um banco pequeno e com participação pouco representativa no sistema financeiro.
A escolha do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) como administrador, o que é inédito, também contribui para fortalecer o entendimento de se buscar uma solução de mercado, afinal, trata-se de uma entidade privada e gerida pelos bancos. Além disso, o FGC já participou, desde a crise do Panamericano, de várias negociações envolvendo bancos em dificuldade e assumiu o papel de emprestador de última instância. Por isso, na avaliação do governo, tem experiência e condições para buscar uma solução financeira para o problema.