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Governo voltará a estimular o crédito

Novas medidas fazem parte da estratégia do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para atingir o crescimento de 4,5% do PIB em 2012

Foto do author Adriana Fernandes

Com o crescimento econômico mais baixo do que o esperado em 2011, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já começou a traçar com sua equipe uma estratégia para acelerar a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) para 4,5% este ano, nível mínimo que cobra a presidente Dilma Rousseff.

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Novas medidas voltadas para o estímulo ao crédito deverão ser acionadas mais uma vez para garantir um crescimento maior, sobretudo no segundo semestre deste ano.

Ainda tendo que lidar com fortes restrições no Orçamento, o governo também contará com as gigantes Petrobrás e Eletrobrás para ajudar no impulso do crescimento econômico. O presidente da estatal do setor elétrico, José da Costa Carvalho, por exemplo, anunciou que investirá R$ 13,3 bilhões este ano, 48% a mais do que em 2011.

O economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, também vê nas estatais um bom espaço para o governo federal aquecer a atividade econômica.

"A Eletrobrás está com os programas em dia, a Petrobrás está um pouco atrasada, mas as duas têm projetos prontos e fornecedores preparados", avaliou. "É questão de começar."

Concessões de aeroportos e rodovias federais, que não ocorreram no primeiro ano do governo Dilma, agora deverão sair do papel e desencadear investimentos no setor privado, segundo apostam economistas do governo. Os aeroportos de Viracopos, Brasília e Guarulhos deverão ser leiloados no dia 6 de fevereiro. Na próxima quarta-feira, será leiloada a concessão de um trecho da rodovia BR 101.

Entre os técnicos, há forte aposta também no setor da construção civil, animado pelo programa Minha Casa Minha Vida. Prejudicado em 2011 pela redefinição de critérios para as habitações, o programa deverá ganhar volume ao longo deste ano e ajudar a acelerar o ritmo de atividade econômica.

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BNDES. Nos Estados e municípios, o governo espera uma reação mais forte dos investimentos no primeiro semestre. No fim do ano passado, a Fazenda autorizou um grupo de governadores a tomar novos empréstimos, no total de R$ 37 bilhões. São Paulo, por exemplo, ganhou um reforço de R$ 7 bilhões.

Se houver necessidade, não está descartado um novo reforço de caixa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao longo de 2012, além do empréstimo de R$ 10 bilhões que já foi anunciado para ser liberado no início do ano. Assim, haverá mais recursos para as empresas que queiram expandir sua capacidade produtiva.

O governo conta também com o efeito dos cortes de juros iniciados pelo Banco Central (BC) em agosto do ano passado. Nesse caso, paradoxalmente, o melhor cenário para o governo é uma recuperação mais lenta da economia mundial. Isso evitaria o risco de alta dos preços das commodities, que teria impacto sobre a inflação. Com a Europa crescendo perto de zero, os Estados Unidos na casa de 2% e China e Índia desacelerando, serão maiores as chances de a inflação brasileira fechar o ano na casa de 5%.

O aumento de 14% no salário mínimo e a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) nos eletrodomésticos, medidas anunciadas em 2011, também surtirão efeitos importantes principalmente no início do ano, quando a economia estará mais desaquecida.

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Frustração. A presidente Dilma está extremamente preocupada com o risco de o crescimento de 2012 novamente frustrar o governo como ocorreu no ano passado. O BC prevê uma alta de 3,5% do PIB este ano e a avaliação no governo é de que há riscos concretos de um resultado mais baixo, se não houver uma coordenação efetiva e "tempestiva" para impulsionar a atividade e evitar que investimentos privados sejam adiados por causa da possibilidade de um crescimento mais lento.

As perspectivas para o crescimento e a inflação num mundo em crise foram o tema da reunião convocada na quarta-feira passada por Dilma, que forçou ministro da Fazenda, Guido Mantega, a interromper um curto período de férias. Também participou da conversa o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.

Primeiro semestre. O governo trabalha com o cenário de um crescimento mais suave no primeiro semestre do ano. A expectativa é de que a taxa de juros possa cair para um patamar de 9,5% e, se possível, mais um pouco, para 9%. No segundo semestre, quando se espera uma parada da queda dos juros, a economia já estaria em ritmo mais acelerado, garantindo também uma arrecadação mais forte.

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Essa visão é compartilhada por economistas do setor privado. Relatório divulgado pelo banco Itaú, por exemplo, diz que a economia brasileira estará crescendo a um ritmo superior a 5% no segundo semestre de 2012.

Mas, como a primeira metade do ano será ainda fraca, a taxa anual ficará em 3,5%.

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