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Grandes empresas buscam startups para acelerar inovação; confira o ranking

Trabalho mostra as companhias que mais fizeram parcerias entre julho de 2021 e junho deste ano; Ambev e Suzano lideram ranking de negócios com empresas de tecnologia

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Por Renée Pereira
Atualização:

Enquanto os fundos de Venture Capital reduzem os investimentos nas startups, grandes corporações apostam nas parcerias com as empresas para garantir mais inovação no ambiente interno. Entre julho de 2021 e junho deste ano, o número de companhias que contrataram startups cresceu 30% e o volume de relacionamentos declarados, mais de 60% (42.588). Os negócios somaram R$ 2,7 bilhões em contratos no período, o que coloca o País no topo do modelo de open innovation (inovação aberta) no mundo, segundo dados da 100 Open Startups.

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“Enquanto na Europa predomina os programas de P&D e nos Estados Unidos, os Venture Capital, por aqui vemos um avanço expressivo do open innovation com startup”, afirma Bruno Rondani, CEO e fundador da 100 Open Startup. O conceito de inovação aberta surgiu na Universidade de Berkeley (EUA) e consiste numa cultura de maior colaboração e parceria com terceiros para criar soluções inovadoras, ou seja, buscar novas opções fora do ambiente interno da empresa.

Num passado não muito distante, diz Rondani, as empresas eram muito fechadas e o nível de interação, baixo. O desenvolvimento de novos produtos e de soluções vinham de programas de P&D e laboratórios criados dentro das companhias. Com o avanço das startups e o surgimento de unicórnios (empresas que superaram US$ 1 bilhão em valor de mercado), o mercado de open innovation explodiu. “Hoje podemos dizer que não existe em nenhum lugar do mundo um ecossistema com mais de 25 mil startups e 4,4 mil empresas (fazendo negócios).”


Desde 2016, quando o primeiro Ranking 100 Open Corps foi lançado, a intensidade das negociações cresceu 94 vezes, com destaque para os setores de bens de consumo e alimentação, construção e imobiliário e serviços financeiros. O trabalho é baseado na pontuação dada às interações entre empresas e startups.

O resultado de 2022 traz a Ambev na liderança pelo segundo ano consecutivo. “Estamos cada vez mais próximos das startups”, diz o diretor de tecnologia da gigante de bebidas, Eduardo Horai. Segundo ele, a empresa fez 573 interações de negócios com 340 startups, o que representa um crescimento de 65% em relação ao ranking de 2021.

Eduardo Horai, diretor de tecnologia da Ambev Foto: Raoni Maddalena

As parcerias resultaram em diversas soluções para melhorar processos e a relação com a cadeia do setor, seja com clientes ou fornecedores. Horai destaca o lançamento o Bees Bank, uma fintech para atender cerca de 1 milhão de pontos de venda em todo País. Outro negócio importante e a Lemon energia – uma startup que ajuda bares e restaurantes a reduzir a conta de luz e, ao mesmo tempo, consumir energia renovável.

“Isso sem contar o Zé Delivery, que “bombou” durante a pandemia, entregando cerveja gelada a preço acessível em 30 minutos”, diz o executivo. Só no ano passado, o aplicativo chegou a 300 cidades e fez mais de 61 milhões de entregas. Neste ano, já conta com 4 milhões de usuários ativos por mês.

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Segundo Horai, apesar de a empresa estar pelo segundo ano consecutivo na liderança, ainda há muito para crescer. “Buscamos soluções, por exemplo, para melhorar a logística, na última milha. São mais de 4 mil motoristas para fazer entregas.”

Maior engajamento com startups

Na avaliação de Bruno Rondani, a Ambev passou por uma transformação cultural nos últimos anos e fez a transição para virar uma empresa de tecnologia. “E ganhou o jogo.” Outra que surpreendeu no ranking deste ano foi a maior produtora de celulose do mundo, a Suzano. A empresa subiu nove posições e ficou em segundo lugar entre as companhias com maior engajamento com startups.

Bruno Rondani, CEO e fundador da 100 Open Startup, diz que não existe em nenhum lugar do mundo um ecossistema com mais de 25 mil startups e 4,4 mil empresas fazendo negócios Foto: Douglas Luccena

Neste ano, foram 369 conexões, 275 startups em pitch day e mais de 75 projetos em andamento, diz o gerente executivo Digital da Suzano, Jefferson Ticianelli. “Acreditamos nesse modelo e tivemos um retorno de R$ 30 milhões.” Antes de qualquer operação, diz ele, há sempre a pergunta: “Temos uma solução para esse problema dentro de casa? Se a resposta é não, vamos procurar fora.”

Mais eficiência

Foi o que ocorreu com uma ferramenta para dar mais eficiência ao processo florestal da empresa. A coleta de ocorrência era feita em planilhas. “Quando olhamos e vimos que isso poderia ser feito por uma startup, fomos atrás e encontramos.” Na área industrial, há processos manuais que estão sendo substituídos por sensores que melhoram a qualidade da informação e dá mais segurança na operação. O objetivo, diz Ticianelli, é desburocratizar o processo. E boa parte desse trabalho tem sido feito em parceria com empresas de tecnologia.

Na Suzano, inovação aberta tem o objetivo de desburocratizar processos Foto: Ricardo Teles

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A inovação aberta tem um caminho de forte crescimento no Brasil nos próximos anos. Isso porque, até então, esse era um mundo limitado a grandes corporações e que agora começa a ser descoberto por mais empresas. A velocidade das mudanças tecnológicas tende a ser um dos motores desse movimento.

Nos últimos anos, as empresas entenderam que, se ficassem fechadas em seus ambientes, teriam mais dificuldades para inovar e poderiam perder competitividade diante dos concorrentes. Normalmente, o tempo e o dinheiro gastos dentro dos centros de pesquisa das empresas são maiores quando comparados à exploração do ecossistema de startups.

Ranking 2022

1º) Ambev

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2º) Suzano

3º) ArcelorMittal

4º) Raízen

5º) BASF

6º) IBM

7º) Stefanini

8º) Unimed

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9º) Vivo

10º) Bradesco

Ranking 2021

1º) Ambev

2º) ArcelorMittal

3º) BMG

4º) BASF

5º) Nestlé

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6º) Stefanini

7º) Natura

8º) Unimed

9º) Raízen

10º) Suzano

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