A greve dos servidores da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná pode provocar o desabastecimento de carne no Estado. Com a paralisação de cerca de 700 funcionários, desde segunda-feira não é emitida a guia de trânsito animal, o que impede o abate nos frigoríficos. A Federação da Agricultura no Paraná (Faep) e a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) podem entrar na Justiça nesta quinta-feira, pedindo que os fiscais do Ministério da Agricultura substituam os grevistas na fiscalização. Nesta quarta-feira, o Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Paraná (Sindicarne) entrou com mandado de segurança coletivo para liberar o abate. O Sindicarne pede que os animais possam ser abatidos apenas com a apresentação da nota fiscal de vacina. "Esse seria o nosso controle", disse o presidente do sindicato, Péricles Salazar. Segundo ele, as guias têm validade de três dias. Por isso, nesta quinta-feira, algumas das 20 indústrias de abate já estavam parando. "O telefone não pára de tocar no sindicato", afirmou. No Paraná, são abatidos diariamente 4,5 mil bovinos. Se o abate fiscalizado não for retomado, Salazar teme um aumento no volume de carne clandestina no mercado. Os pecuaristas temem ainda que a falta de fiscalização leve à perda da credibilidade internacional sobre a qualidade do rebanho. "A perda de mercado é um prejuízo incalculável", disse o assessor da presidência da Faep, Carlos Augusto Albuquerque. Para a realização de feiras agropecuárias, as sociedades rurais de Paranavaí, Umuarama e Ponta Grossa conseguiram liminares judiciais. Veterinários nomeados pelos juízes estão fazendo o trabalho de inspeção e liberação das guias para o trânsito dos animais. Os grevistas estão pedindo reajuste salarial de 62% e um plano de cargos e salários. A proposta do governo é um benefício de 100% de reposição sobre o salário básico para os técnicos em sanidade animal e vegetal. A proposta foi rejeitada pelo comando de greve, porque beneficiaria apenas cerca de 40% da categoria.
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