Haddad acena à nova cúpula do Congresso, de jantar com Alcolumbre a relação de longa data com Motta

Primeiro desafio da equipe econômica no Legislativo é aprovar o Orçamento de 2025, o que envolve articulação mais ampla por parte do Executivo, da reforma ministerial à resolução do imbróglio sobre emendas parlamentares

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Atualização:

BRASÍLIA - Conhecido por entrar em campo pessoalmente para negociar medidas econômicas no Congresso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já tem feito movimentos de aproximação com a nova cúpula do Legislativo.

Na semana passada, o chefe da equipe econômica jantou com o então candidato à presidência do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), em encontro promovido pelo líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP). No sábado, 1º, dia em que foi confirmado no novo posto, Alcolumbre não só elogiou Haddad como saiu em defesa do ministro.

O primeiro desafio da equipe econômica liderada por Haddad no Congresso é aprovar o Orçamento de 2025 Foto: Wilton Junior/Estadão

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Já a relação com Hugo Motta (Republicanos-PB), novo presidente da Câmara, foi fortalecida nos últimos anos. Segundo interlocutores, Haddad e o deputado paraibano tiveram inúmeros encontros, inclusive a sós, desde que o ministro está à frente da Fazenda. A relação é classificada por ambos como excelente.

Na equipe econômica, Motta é visto como um parlamentar com postura proativa sobre a agenda da Fazenda. Além disso, costuma ser sincero sobre as pautas que têm ou não chance de avançar no Congresso, se tornando um canal importante de consultas e negociações na Pasta.

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O primeiro desafio da equipe econômica no Congresso é aprovar o Orçamento de 2025. Destravar a peça orçamentária é também de interesse de parlamentares e senadores e envolve uma articulação mais ampla por parte do Executivo, de reforma ministerial à resolução do imbróglio sobre as emendas parlamentares.

Já sobre a promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de ampliar a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, os novos presidentes não deram sinalizações concretas até o momento. Questionado sobre o assunto no sábado, Alcolumbre se limitou a responder que a matéria tramitará dentro do rito quando chegar ao Senado. “Não conversei sobre esse assunto”, disse. Motta também não se aprofundou sobre o tema até o momento.

Os novos presidentes da Câmara e do Senado assumiram com o apoio amplo de partidos da esquerda à direita, e seus discursos de posse indicaram que o suporte às pautas governistas acontecerá sem a garantia de um alinhamento integral.

A boa relação com Haddad, por sua vez, pode facilitar o andamento de projetos da agenda microeconômica considerados menos polêmicos. Entre as prioridades da Fazenda para o ano estão, por exemplo, uma nova Lei de Falências, a proposta de Resolução Bancária e o texto que busca dar maior proteção aos investidores no mercado de capitais.

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No sábado, ao falar da relação com Haddad, Alcolumbre elogiou o chefe da equipe econômica e lamentou disputas políticas e partidárias que, segundo o senador, tentam desconstruir a figura de “um homem público que está dando o máximo de si”.

“Tenho excelente relação com o ministro Haddad. É até uma oportunidade, sem ser advogado do ministro, mas de perceber que ele está dando o máximo de si para tentar ajudar na agenda econômica do Brasil”, disse em entrevista à GloboNews. “Infelizmente, temos disputas partidárias e políticas que acabam entrando em outra esfera e tentando desconstruir a figura de homem público que está dando o máximo de si”, afirmou.

O ministro da Fazenda se tornou alvo mais frequente da oposição no último ano, criticado por medidas que almejam elevar a arrecadação do governo. Essa rejeição continua relevante, já que, para fechar o Orçamento de 2025, o Executivo depende da aprovação de projetos que elevam as alíquotas da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), um tributo cobrado sobre o lucro das empresas, e a do Imposto de Renda incidente sobre os Juros sobre Capital Próprio (JCP), um tipo de remuneração paga pelas companhias aos seus acionistas. A antiga cúpula do Congresso já indicou que as propostas terão dificuldade de avançar.

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