Haddad nega intenção de taxar big techs e diz que governo espera tarifa sobre aço para se manifestar

Trump afirmou que irá anunciar nesta segunda-feira tarifas de 25% sobre alumínio e aço importados pelos EUA; Brasil está entre os maiores fornecedores do material para o mercado americano

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Foto do author Amanda Pupo
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BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou nesta segunda-feira, 10, que o governo brasileiro tenha a intenção de taxar empresas de tecnologia caso os Estados Unidos decidam impor tarifas aos produtos brasileiros. A declaração foi feita em publicação na rede social X, na qual Haddad reforçou que o Executivo só irá se manifestar com base em “decisões concretas”.

“Para não deixar dúvida, não é correta a informação de que o governo Lula deve taxar empresas de tecnologia se o governo dos Estados Unidos impuser tarifas ao Brasil. No mais, o governo brasileiro tomou a decisão sensata de só se manifestar oportunamente com base em decisões concretas e não em anúncios que podem ser mal interpretados ou revistos. Vamos aguardar a orientação do presidente”, disse Haddad. A notícia de que o governo taxaria plataformas digitais norte-americanas em resposta às tarifas de Donald Trump circularam na imprensa nesta segunda-feira, 10.

Haddad disse que vai aguardar a orientação de Lula após as medidas dos EUA para a taxação do aço serem efetivamente implementadas Foto: Wilton Junior/Estadão

Mais cedo, o ministro evitou comentar o anúncio do presidente americano de que irá impor tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio, o que afetaria o Brasil. “Então o governo vai aguardar decisão oficialmente antes de qualquer manifestação”, disse à imprensa. Ele repetiu que aguardaria a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as medidas dos EUA serem efetivamente implementadas.

O presidente brasileiro já avisou que convocará o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para debater qual será a posição do Brasil.

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No domingo, 9, Trump disse que vai anunciar nesta segunda-feira, 10, tarifas de 25% sobre alumínio e aço importados pelo país. O Brasil está entre os maiores fornecedores de aço para os EUA. Em 2024, foi o segundo maior exportador do produto para o país norte-americano, atrás apenas do Canadá, segundo o American Iron and Steel Institute.

Dados do Instituto Aço Brasil mostram que, no ano passado, os EUA responderam por 60,6% do volume de produtos siderúrgicos exportados pelo Brasil — em valores, a fatia foi de 54,1%. No total, foram 5,8 milhões de toneladas destinados ao país norte-americano, com valor total de US$ 4,7 bilhões.

Desde a vitória de Trump, o Palácio do Planalto emitiu um alerta a alguns ministérios da área econômica para que ficassem de prontidão em relação à promessa de aumento de taxação de produtos importados pela maior potência econômica do globo. Aos técnicos, foi designado que se debruçassem sobre medidas que poderiam ser adotadas pelo Brasil em caso de uma iniciativa americana.