As tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na quarta-feira, 2, representam “o maior ataque ao sistema multilateral de comércio”, segundo Lucas Ferraz, coordenador do Centro de Estudos de Negócios Globais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-secretário de Comércio Exterior.
Em live realizada pelo Estadão, Ferraz afirmou que as tarifas impostas pelos EUA devem levar a um cenário econômico internacional mais difícil nos próximos anos.
“Estamos falando da maior economia do mundo. É claro que isso tem repercussões para o crescimento global. O prognóstico para os próximos dois anos é de uma taxa de crescimento do PIB global menor”, disse Ferraz.
“Com o recrudescimento de uma guerra comercial, a tendência é que ocorram distorções nos fluxos de crescimento e nos fluxos de investimento levando à má alocação de recurso. A má alocação de recurso leva à queda de produtividade e, se tem queda de produtividade, tem menos crescimento econômico”, acrescentou.
Na quarta-feira, 2, Trump, anunciou uma série de tarifas para todos os parceiros comerciais norte-americanos − no que ele batizou de “Dia da Libertação” Ele impôs uma tarifa recíproca de 10% para os produtos brasileiros.

A maioria dos países teve tarifas ainda maiores. As tarifas recíprocas para a China serão de 34% (além dos 20% já anunciados anteriormente), enquanto os produtos da União Europeia serão taxados em 20%. Para o Japão, Coreia do Sul e Índia, as sobretaxas serão de 24%, 25% e 26%, respectivamente.
“Podemos ter ficado artificialmente mais competitivos, porque as barreiras comerciais para nossos parceiros, como China, União Europeia, Japão e Coreia do Sul, ficaram mais altas. Isso pode abrir espaço para a exportação de produtos manufaturados”, disse Ferraz.