As empresas importadoras e consumidoras de aço dos Estados Unidos denunciaram nesta quarta-feira as restrições às importações que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, anunciou ontem como política e economicamente contraproducente e prometeram continuar em campanha contra o protecionismo no setor siderúrgico norte-americano. "O presidente, que disse querer liderar o mundo rumo ao livre comércio e a mercados abertos, transformou os Estados Unidos no mercado mais protegido do mundo para o aço", protestou o presidente do American Institute for International Steel, David Phelps, que representa os importadores de aço nos EUA. "A exemplo de todas as outras tentativas anteriores, as restrições não salvaram companhias fundamentalmente mal administradas", observou. O presidente da Consuming Industries Trade Action Coalition (CITAC), Jon Jenson, disse que a decisão de Bush "enfureceu os industriais norte-americanos" porque "seus interesses foram esquecidos em meio ao frenético esforço político para apaziguar os produtores de aço e os sindicatos do setor". A indústria siderúrgica norte-americana emprega menos de 200 mil pessoas, enquanto que as empresas consumidoras dos vários produtos siderúrgicos dão empregos a mais de 12 milhões. Phelps, que nas últimas semanas pediu a Bush que resistisse às pressões para adotar novas medidas protecionistas, enfatizou que "são as empresas e os trabalhadores americanos que pagarão. O imposto que Bush impôs à indústria norte-americana que depende de aço de alta qualidade que não pode obter nos EUA". Ele citou três estudos publicados nas últimas semanas para mostrar que o resultados das novas barreiras "será a perda de empregos nas indústrias que consomem aço, pois estas terão, agora, que transferir suas plantas para o exterior para competir com seus concorrentes globais". "Em vez de focalizar as causas reais dos problemas da indústria siderúrgica nas negociações da OCDE sobre produção ineficiente e subsídios, o presidente Bush escolheu a abordagem politicamente fácil e impôs um novo imposto sobre os americanos justamente quando a recessão estava terminando e os preços e encomendas de aço estavam melhorando", afirmou Phelps. "Foi uma decisão errada, no momento errado, que meramente estendeu por mais três anos os trinta anos de proteção à indústria siderúrgica dos EUA." O presidente da Precision Metalforming Association e da Thomas Engeneering Company, de Minneapolis, Mark Erickson, lembrou que "a importação de aço não é uma opção, mas uma necessidade, porque os produtores domésticos são capazes de atender apenas 75% da demanda interna". Segundo ele, a questão não é "aço barato" que é despejado no mercado norte-americano, como alegam os produtores domésticos, "mas o preço internacional ditado por um mercado global para um produto com as qualidades únicas que necessitamos". A diretora executiva da CITAC, Janet Kopenhaver, previu que os efeitos daninhos da decisão de Bush produziram uma maior mobilização dos consumidores de aço contra a continuação da proteção à indústria siderúrgica norte-americana. "Se algo de bom pode vir dessa decisão, é que os usuários intermediários e finais das importações serão mais motivados a tornar-se mais vocais e agressivos para transmitir sua mensagem ao Congresso, à administração e ao público em casos futuros." Kopenhaver disse que "as muitas promessas que a administração fez sobre comércio, emprego e impostos não estão refletidas nessas decisão e, estejam certos, as indústrias que usam aço estão atentas".