Mais uma vez a indústria criticou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que reduziu a Selic, a taxa básica de juros da economia, de 15,75% para 15,25% ao ano. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) lamentou a decisão e destacou, em nota, que a redução do ritmo de queda - durante dois meses houve cortes consecutivos de 0,75 ponto porcentual - mostra que é imprescindível substituir o gradualismo na condução da política monetária pela promoção de condições fiscais que dêem sustentabilidade ao processo permanente de corte de juros. Na nota, a CNI lembra que o juro real do País - taxa Selic descontada a inflação - ainda está acima de 10% ao ano. Segundo a Confederação, estes níveis "só seriam justificáveis diante de ameaças à ordem econômica ou à solvência do País" e observa que "esse, com certeza, não é o caso". Segundo análise da CNI, o BC "aparentemente foi influenciado pelas oscilações na economia mundial e desconsiderou as condições internas da economia brasileira". O diretor do Departamento de Economia (Decon) do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Antônio Correa de Lacerda, também criticou a decisão do Copom. Ele avalia que nem mesmo os "sinais de turbulência" no cenário externo, com realocação das carteiras em ativos mais seguros, que provocou provocando forte instabilidade no câmbio nas últimas semanas, justificam a cautela do Copom. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, considerou que, com esta decisão, o Comitê "reafirma sua disposição de evitar, a qualquer custo, o ´risco´ do crescimento". A Fiesp, segundo ele, assim como outras entidades ligadas à produção, reafirma sua determinação pelo crescimento sustentado e é contrária à lógica ilógica dos juros altos.