A inflação de setembro na Argentina subiu 2,48%, o mais elevado índice desde dezembro de 1991. Esse é o cálculo do Índice-Congresso, elaborado por deputados da oposição com a média das estimativas feitas pelas consultorias econômicas portenhas. Os cálculos também indicam que inflação acumulada no ano é de 30,5%. Além disso, o acumulado em 12 meses é de 41,06%, faixa de inflação também no patamar mais elevado dos últimos 23 anos. No entanto, o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) anunciou que o índice oficial de inflação de setembro foi de 1,4%. O total acumulado desde janeiro, segundo o Indec, é de 19,8%. Os cálculos oficiais estão desacreditados, sob a acusação de intensa manipulação por parte do governo da presidente Cristina Kirchner, que nega a existência de uma escalada inflacionária.No início deste ano, o governo Kirchner previa uma inflação de 9,9%. Mas, há um mês, o ministro da Economia, Axel Kicillof, declarou que a inflação deste ano será de 21,3%. No entanto, economistas e sindicatos afirmam que alcançará a faixa de 40%. Kicillof, na ocasião, também ressaltou que no orçamento para 2015, o governo tem uma meta de inflação de 15%. Sem o otimismo do ministro, os economistas na city financeira portenha calculam que no ano que vem a alta superará os 35%.Um grupo de ex-diretores do Indec, de épocas prévias à manipulação, fez um apelo aos candidatos presidenciais para as eleições do ano que vem que prometam a regularização das estatísticas públicas.Pressão. Em 2013 e 2014, o governo Kirchner tentou implementar o congelamento de preços nos supermercados e lojas de eletrodomésticos. Cristina até convocou os militantes kirchneristas para fiscalizar os preços. No entanto, a mobilização durou poucos dias e a fiscalização foi esquecida.Há quatro semanas, o Parlamento transformou em lei o projeto do governo para reformar a "lei de abastecimento", legislação criada pelo presidente Juan Domingo Perón em sua última semana de vida em 1974. Com a reforma, Cristina terá mais poderes para intervir nos preços, caso os empresários façam remarcações que as autoridades interpretem como "artificiais" ou "injustificadas".